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A esmola esquecida

Quando se fala em amor ao próximo, logo pensamos na ajuda material aos mais necessitados. Esse auxílio fica limitado à generosidade e às posses de cada um. Concretizado esse ato de caridade, em geral, o benfeitor se considera merecedor do louvor divino e estaria, portanto, quite com o Criador.

Entretanto, não teremos outro dever, que não sendo material poderia ser realizado tanto pelos mais pobres bem como pelos detentores de grandes fortunas?

Todo batizado, seja rico ou seja pobre, deve ser sal da terra e luz do mundo, fazendo brilhar suas boas obras diante dos homens, de maneira que estes glorifiquem a Deus (cf. Mt 5, 13-16). Todos devem pois, esperar dos demais o bom exemplo de uma vida virtuosa. Esta é a caridade em seu aspecto mais elevado, e dela ninguém está dispensado, desde o multimilionário até o mais pobre dos homens.

Isto se baseia no fato de que, para o bem ou para o mal, é o exemplo que arrasta. É consequência do instinto de sociabilidade, mais arraigado no homem do que o próprio instinto de conservação.

Ora, em nossos dias todos têm meios para ficar conectados com o mundo inteiro, acompanhando os acontecimentos em tempo real. Mas… cada um se sente cada vez mais só no meio da multidão, isolado até de seus mais próximos.

Assim se encontra grande parte da humanidade, com o consequente esfriamento das relações sociais, até mesmo nos círculos familiares. Promove-se desse modo o egoísmo e definha o amor ao próximo: cada vez menos o homem se preocupa com os infortúnios alheios. Tal desvio tem gerado desordens de alma, problemas psíquicos sem conta, levando até ao suicídio jovens, muitos de classes abastadas, mas onde está ausente a verdadeira caridade.

Se todos resolvessem, com o auxílio da graça, praticar os Mandamentos na sua integridade, dando a nobre esmola do bom exemplo, seriam de fato sal da terra e luz do mundo. Com isso, não se solucionariam incontáveis problemas, levando o próximo a reencontrar o autêntico sentido da vida, perdido há tanto tempo?

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(Condensação do editorial da Revista Arautos do Evangelho deste mês de fevereiro. Para inteira compreensão desse assunto remetemos o leitor para o artigo do Mons. João Clá, EP, : “O sal do convívio e a luz do bom exemplo”, publicado no mesmo número da revista.)

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