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VOAR SEM AMARRAS E SEM LASTRO

Foi na França, século XVIII, que os irmãos Montgolfier fizeram voar um balão de ar quente em público pela primeira vez na História.

O curioso artefato, após sobrevoar por três quilômetros o parque do palácio de Versailles, aterrissou suavemente nos admiráveis gramados desse domínio real.

A notícia correu o mundo, e os homens começaram a sonhar. Idearam balões cada vez mais ousados, das mais variadas formas e cores. Redobraram os desafios, aperfeiçoaram as técnicas e beneficiaram-se da leveza dos novos materiais para tornar realidade esses sonhos. Assim, hoje é possível organizar concorridos festivais nos quais se exibem balões das mais variadas formas: de torres medievais ou castelos, a abelhas ou sorvetes… Tudo feito com o maior esmero, visando causar a impressão de se estar em um mundo irreal, maravilhoso.

Ao contrário dos aviões e helicópteros, que sobem ruidosamente, os balões são impelidos para o céu num silêncio majestoso, convidando os que permanecem em terra a uma aventura fora do comum: “Vinde conosco — parecem dizer —, que nós vos levaremos a contemplar de perto um mundo extraordinário, que jamais homem algum viu”. E, lá vão os balões contemplar tudo de um patamar angélico…

Para subir, os balões necessitam desfazer-se de lastros e amarras que os prendem ao solo, do contrário jamais conseguiriam voar. Simbolizam assim a alma humana: para que ela possa se alçar até os grandes panoramas da vida sobrenatural, precisa romper com seus defeitos e apegos, pois, atada a eles, jamais conseguirá se elevar do terra-a-terra.

Balão-igreja

Necessitam também manter uma fonte de ar quente, para poder ascender. Assim é na vida de cada um de nós: quanto mais nos afervoramos, mais subimos na vida espiritual, e mais desejamos alcançar a santidade; por outro lado, quanto mais deixamos que esta vida se esfrie, mais perdemos o ânimo, o desejo de progredir, e descemos…

Voar pelos céus, contemplar belos panoramas, ter grandes horizontes, atrair para nobres ideais os que são capazes de admirar, eis a grande lição que nos dão os lindos balões.

(Condensado e adaptado do artigo “Contemplar a terra de um angélico patamar” de autoria de Diego Faustino Maia, na revista “Arautos do Evangelho”, nº 90, Junho 2009, p. 51)

Ilustrações: Arautos do Evangelho, Wiki, WordPress, Getty