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CONFESSAR-SE DIRETAMENTE A DEUS…

Santiago de Compostela -  España

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João, jovem universitário, veio ter comigo para me dizer que não quer confessar-se a um padre, porque acha que não é necessário fazê-lo, para obter o perdão divino. Prefere reconciliar-se diretamente com Deus. Afinal, não está Ele em toda a parte?! E não sabe já todos os nossos pecados?

Concordei com ele:

– Tens toda a razão! Eu também acho o mesmo e, por isso, não me confesso a nenhum padre! Era o que faltava! Aliás, que sentido faria dizer os meus pecados a uma pessoa que nem sequer ofendi?! Sei do que falo, porque eu próprio sou padre e sou pecador! Eu confesso-me sempre diretamente a Deus. Nunca me confessaria a um padre!

O João ficou perplexo com a resposta mas, na dúvida, perguntou-me:

– Mas, nunca se confessa a um padre?! Então a quem se confessa?

– A Deus, diretamente, como você diz e diz muito bem.

– Mas… não é isso que a Igreja ensina ou, pelo menos, a grande maioria dos padres dizem!

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– Você está muito enganado. Todos dizemos o mesmo e todos reproduzimos fielmente a doutrina da Igreja que, sobre este particular, não deixa lugar para dúvidas. O que você deseja é exatamente o que a Igreja lhe oferece: confissão diretamente com Deus!

– Como assim, se a confissão individual, para que seja válida, requer sempre o recurso a um confessor?!

– Diga-me uma coisa: como você fala com seus pais que moram em outra cidade?

– Pelo Skype, ou, se for muita a urgência, pelo celular.

– Mas fala diretamente com eles?

– Sim claro, é com eles que eu falo, embora através de um instrumento.

– Não fala com o Skype, nem com o celular, não é verdade? Não começa suas conversas cumprimentando o Skype, ou o celular, não é?

– Claro que não! Seria absurdo! Não falo com o Skype, nem com o celular, apenas me sirvo deles para falar diretamente com meus pais.

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– Pois, João, é isso mesmo! É o que acontece cada vez que me confesso: falo diretamente com Deus, é a Ele e só a Ele que eu conto os meus pecados, porque também só Ele me pode perdoar. Faço-o também através de um instrumento, neste caso humano, que é o confessor. Mas não é a ele que me confesso, embora seja através dele que a minha contrição chega a Deus e o perdão de Deus chega a mim, pela absolvição sacramental.

– Mas, não seria muito melhor se o perdão divino nos chegasse sem necessidade de recorrer a um ser humano?!

– Mas, se fosse assim, como é você teria certeza do perdão de Deus?! Não seria angustiante ficar sem saber se tinha sido, ou não, perdoado?! Não é reconfortante saber que o confessor, precisamente por que é também um pecador, nos compreende, por graves que sejam as nossas faltas?

– Tem razão, assim é mais fácil porque, quem nos ouve em confissão, sabe, por experiência própria, do que nos acusamos…

Agora João já se confessa diretamente a Deus.

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(Adaptado de texto publicado pelo Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, sacerdote católico português)

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