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Necessidade da devoção à Maria Santíssima, obra prima da Criação, por vontade de Deus – Resumo do Tratado (II)

Neste segundo artigo do Resumo do Tratado, consideraremos, junto com S. Luís Grignion de Montfort como Deus, mesmo não tendo necessidade da Santíssima Virgem, depois de tê-La criado quis começar e concluir suas maiores obras por meio dela. Da vontade divina é que decorre a necessidade da devoção a Maria.

CAPÍTULO I

Necessidade da Verdadeira Devoção a Maria

Com toda a Igreja confesso que Maria, sendo apenas uma simples criatura saída das mãos do Altíssimo, não é nada em comparação com a sua majestade infinita, visto que só Deus é “Aquele que é”.

Esse grande Senhor, sempre independente e suficiente a Si mesmo, não teve e nem tem necessidade da Santíssima Virgem para o cumprimento de Suas vontades e para a manifestação de Sua glória. Basta-lhe querer para tudo fazer.

No entanto, depois de ter criado a Santíssima Virgem, Deus quis começar e concluir Suas maiores obras por meio dela. Sendo assim, é razoável crer que Ele não mudará Sua conduta em todos os séculos.

Deus Pai e Maria

Deus Pai deu ao mundo o seu Unigênito por Maria. O Filho de Deus se fez homem para nos salvar, mas foi em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de lhe ter pedido seu consentimento por meio de um dos primeiros ministros da sua corte (o Arcanjo Gabriel).

Deus Filho e Maria

Deus feito homem encontrou a Sua liberdade ao se ver aprisionado no seio de Maria. Glorificou a Sua independência e majestade ao depender dessa amável Virgem na Sua concepção, no Seu nascimento, na Sua apresentação no templo, na Sua vida oculta de trinta anos e até na Sua morte. Maria devia assistir a essa morte, para que Jesus fosse imolado com o seu consentimento ao Pai Eterno, como outrora Isaque pelo consentimento de Abraão à vontade de Deus. Foi Ela que o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós.

Nas bodas de Caná, Jesus mudou a água em vinho, atendendo ao humilde pedido de sua Mãe; e este foi o Seu primeiro milagre [em público] na ordem natural. Ele começou e continuou os Seus milagres por Maria; e por Ela os continuará até o fim dos séculos.

Deus Espírito Santo e Maria

O Espírito Santo tornou-se fecundo por Maria, a quem desposou. Foi com Ela, n’Ela e d’Ela que formou a Sua obra-prima: o Deus feito homem. Embora não tenha qualquer necessidade da Virgem Santa, o Espírito Santo quer servir-se dela, para produzir nela e por Ela Jesus Cristo e os Seus membros.

A Obra da Santíssima Trindade em Maria

Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo o que adquiriu pela Sua vida e morte, pelos Seus méritos infinitos e pelas Suas virtudes admiráveis. Ele a tornou tesoureira de tudo o que o Pai lhe deu como herança. É por meio de Maria que Jesus aplica os Seus méritos aos Seus membros, que comunica as Suas virtudes e distribui as Suas graças.

Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, os Seus dons inefáveis, e escolheu-a para dispensadora de tudo quanto possui. Sendo assim, Ela distribui a quem quer, quanto quer, como e quando quer todos os seus dons e graças.

É certo que Nosso Senhor, no Céu, é tão filho de Maria como o foi na Terra. Conservou, portanto, a submissão e a obediência do mais perfeito de todos os filhos para com Maria, a melhor das mães. Porém, devemos ter cuidado para não ver nessa dependência algum rebaixamento de Jesus ou alguma imperfeição. Maria, estando infinitamente abaixo de Seu Filho, que é Deus, não manda n’Ele como uma mãe da Terra mandaria em seu filho, que está abaixo dela. Por isso não pede, não quer, não faz nada que seja contrário à eterna e imutável vontade de Deus.