By

OSTENSÓRIO DE DEUS

Na homilia de encerramento do Ano Sacerdotal (2010) o Papa Bento XVI teceu grandes elogios a São João Maria Vianney e já o havia colocado como Patrono deste evento, apontando-o como modelo dos párocos. O que levou o Pontífice a aponta-lo como modelo aos Sacerdotes do mundo inteiro?

Não era a aparência de São João Maria Vianney ou seus predicados humanos que atraíam os fiéis, senão a capacidade de refletir, como sacerdote, a própria figura do Salvador. É o que nos apresenta o breve texto a seguir.

DEUS NUM HOMEM

Ir. Lucilia Lins Brandão Veas, EP

Rosto sereno, olhos profundos e muita paz…O todo daquele corpo incorrupto que repousa na Basílica de Ars-sur-Formans, não muito longe da histórica e industrializada cidade de Lyon, revela um homem que passou por enormes sofrimentos.

Os traços angulosos de sua fisionomia são suavizados pela presença do sobrenatural. Suas mãos e feições emagrecidas levam a marca de quem caminhou com a cruz ao ombro, seguindo as pegadas de Nosso Senhor. Mas, ao mesmo tempo, o fogo sereno da caridade transparece na atitude nobre e tranquila com que repousam seus restos mortais.

SÃO JOÃO VIANNEY ABENÇOA E CURA CRIANÇAS ENFERMAS

O sacerdote é o amor do Coração de Cristo”, (1) costumava ele dizer. Cônscio da enorme responsabilidade de ser mediador entre Deus e os homens, ensinava nas aulas de catecismo: “Que é o padre? Um homem que tem o lugar de Deus, um homem que está revestido dos poderes de Deus”. (2)

Não era sua aparência ou seus predicados humanos que atraíam os fiéis, senão a capacidade de refletir a própria figura do Salvador. Assim o registram seus biógrafos e o atesta também Dom Chautard, em sua célebre obra A alma de todo apostolado: “A voz de São Vianney era por demais fraca para ser ouvida pela multidão que se apinhava em volta dele. Porém, se ele não era ouvido, era visto; e era visto como um ostensório, portando Deus no seu interior. Bastava isso para subjugar e converter aos que ali se encontravam. Ao ser perguntado a um advogado que voltava de Ars o que mais ali o impressionara, respondeu: ‘Vi Deus num homem’”. (3)

Foi esta fascinante presença de Cristo em seu ministro fiel que levou Pio XI a elevar o cura daquela pequena aldeia a “patrono de todos os párocos”. (4) E fez com que Bento XVI o qualificasse de “modelo do ministério sacerdotal no nosso mundo”. (5)

.
.
.
.

(1) GHÉON, Henri. O Cura d’Ars. 2.ed. São Paulo: Quadrante,1998, p.38.
(2) MONNIN, Alfred. Le Curé d’Ars. Vie de M. Jean-Baptiste-Marie Vianney. Paris: Charles Douniol, 1861, t.II, p.452.
(3) CHAUTARD, OCR, Jean-Baptiste. L’ame de tout apostolat. 15.ed. Dompierre-sur-Besbre: Abbaye de Sept-Fonts, 1939, p.123.
(4) PIO XI. Anno Iubilari,23/4/1929.
(5) BENTO XVI. Homilia no encerramento do Ano Sacerdotal,11/6/2010.

     Corpo incorrupto de São João Vianney

(Parte inicial do artigo com o mesmo título publicado na revista Arautos do Evangelho, nº 188, agosto de 2017, p. 34-37. A autora continua o artigo dando uma breve biografia de São João Maria Vianney.)