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Visitando Assis

Há lugares marcados para sempre por pessoas que ali viveram, sobretudo se foram santos. Deixam um perfume da santidade que perfuma o ar como uma flor perfuma um jardim.

Um desse lugares é incontestavelmente Assis: a cidade ficou ligada indissoluvelmente a São Francisco, seu filho por excelência.

Percorrendo com os olhos as campinas circundantes é fácil imaginar-se o “Pobrezinho de Assis” entoando seu Cântico das Criaturas: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus”.

Continuando nossa peregrinação — pois em locais como este não se passeia, peregrina-se — vemos no alto da colina a majestosa basílica: nela está sepultado este homem de austero aspecto e inflamado de zelo pela Eucaristia.

Aproximamo-nos do imponente edifício. Curioso! Como se parece com com sua alma: seu exterior é austero, mas por dentro é esplendoroso. Dir-se-ia uma imagem da alma seráfica do Santo.

Interior da Basilica- Assis

Entremos reverentes. É um caleidoscópio de cores e luzes, arcos majestosos a lembrar Aquele para quem o templo foi construído: Deus Eterno, infinitamente Santo e Misericordioso. Não é belo, é a própria beleza, ante a qual os Anjos cantam velando a face: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo; o Céu e a terra proclamam a vossa Glória! Hosana nas alturas!”

Seu hino infindável parece encontrar eco na multidão de afrescos multicoloridos, nas pinturas de cenas da vida do Santo.

É um tal esplendor que se percebe claramente que ao mesmo tempo pregava a pobreza para os homens e o culto rico e esplendoroso para o Deus infinitamente Belo.

Apurando-se a vista, já desde longe se percebe o esplendor que envolve o Sacrário, em que está Jesus Eucarístico.

Detalhe do teto da Basílica- Assis

É por inteiro a alma de São Francisco: pobreza para si e esplendor para o culto divino: o esplendor do templo é a realização dos desejos do Santo dirigindo-se a seus filhos espirituais:

“Supliqueis aos clérigos que sobre todas as coisa honrem o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor […] Os cálices, os corporais, os ornamentos do altar, tudo quanto pertence ao Sacrifício sejam coisas preciosas. E se, em algum lugar, o Santíssimo Corpo do Senhor estiver com muita pobreza abandonado, que eles, como manda a Igreja, O coloquem em lugar precioso e bem guardado” ⁽¹⁾.

É essa a maravilha a admirarmos em Assis: extremos opostos que se equilibram harmoniosamente na alma de São Francisco, magnífico reflexo das infinitas perfeições de Deus.

⁽¹⁾ São Francisco de Assis, Primeira carta aos superiores dos Conventos, em “Escritos de São Francisco de Assis”, Ed. Franciscana, Braga, 2001, pp. 100-101.

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