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Jesus Cristo é o fim último da devoção à Virgem Maria, medianeira de todas as graças – Resumo do Tratado (IV)

São Luís Maria Grignion de Montfort deixa claro o quanto Jesus Cristo, o nosso Advogado e Medianeiro de Redenção deve ser o fim último de todas as nossas devoções. Demonstra o quanto Maria Santíssima desempenha a caridosa missão junto a Ele, como medianeira de todas as graças, para que possamos esvaziar-nos de nós mesmos, amá-Lo ternamente e servi-Lo com fidelidade. Eis o que nos traz este quarto resumo do Tratado.¹

CAPÍTULO II

Verdades Fundamentais da Devoção a Maria

Jesus Cristo é o Fim Último da Devoção à Virgem Maria

Jesus Cristo deve ser o fim último de todas as nossas devoções; senão elas seriam falsas e enganadoras. Jesus é o alfa e o ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. Não nos foi dado, debaixo do Céu, outro Nome pelo qual devamos ser salvos, senão o Nome de Jesus.

Se, pois, estabelecermos a sólida Devoção à Santíssima Virgem, é para mais perfeitamente estabelecer a Devoção a Jesus Cristo, e para dar às almas um meio fácil e seguro de encontrá-Lo. Se a Devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, deveríamos rejeitá-la como uma ilusão do diabo. Mas, muito pelo contrário, esta Devoção é indispensável para encontrarmos perfeitamente Jesus Cristo, para que possamos amá-Lo ternamente e servi-Lo com fidelidade.

Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade de Escravos

Devemos concluir, do que Jesus Cristo é para nós, que – como diz São Paulo – não somos nossos, mas inteiramente d’Ele, como Seus membros e escravos, que Ele comprou pelo preço infinitamente caro de todo o seu sangue. (1Cor 6,19-20)

Há três tipos de escravidão: uma por natureza, uma forçada e outra voluntária. Todas as criaturas são escravas de Deus da primeira forma: “Ao Senhor pertence a Terra e tudo o que nela está contido”. (Sl 23,1) Os demônios e os réprobos pertencem à segunda categoria. Os justos e os santos à terceira. A escravidão voluntária é mais perfeita e mais gloriosa para Deus, que olha o coração. (1Re 16,7)

Nada há, entre os homens que mais nos faça pertencer a outrem, do que a escravidão. Da mesma forma, não há nada que nos faça pertencer mais absolutamente a Jesus Cristo e à sua Santa Mãe, do que a escravidão voluntária. Isto é conforme o exemplo do próprio Jesus, que tomou a forma de escravo por nosso amor (Fl 2,7), e da Santíssima Virgem, que se disse serva e escrava do Senhor (Lc 1,38).

Podemos, portanto, segundo o parecer dos santos e de vários homens ilustres, dizer-nos e fazer-nos escravos amorosos da Santíssima Virgem, para deste modo sermos mais perfeitamente escravos de Jesus Cristo.

Devemos esvaziar-nos do que há de mau em nós

Quando se põe água limpa e clara numa vasilha que cheira mal, a água clara fica estragada e absorve facilmente o mau cheiro. Do mesmo modo, quando Deus infunde em nossa alma, corrompida pelo pecado original a atual, as suas graças e orvalhos celestes, ou o vinho delicioso do seu Amor, assim também os Seus dons são ordinariamente manchados e estragados pelo mau fermento e fundo de maldade que o pecado deixou em nós.

É, pois, da mais alta importância, para adquirir a perfeição – que só se alcança pela união com Jesus Cristo –, esvaziarmo-nos do que há de mau em nós.

Precisamos de um mediador junto a Jesus Cristo

            É mais perfeito, porque mais humilde, não nos aproximarmos diretamente de Deus, mas servimo-nos de um mediador. Nosso Senhor é nosso Advogado e Medianeiro de Redenção junto de Deus Pai. Mas, não teremos necessidade de um mediador junto do nosso próprio Medianeiro?

Digamos, pois, com São Bernardo, que temos necessidade de um mediador junto do próprio Medianeiro, e que Maria Santíssima é a pessoa mais capaz de desempenhar essa caridosa missão.

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¹ Padre Lourenço Ferronato, EP – Coordenação. Devoção a Nossa Senhora pelo método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Alexandre Teixeira Varela – Texto. São Paulo: ACNSF, 2015.