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Fazer tudo por Maria, com Maria, em Maria e para Maria – V

(Continuação do post anterior “A mais completa doação de si mesmo – IV

Pe. Juan Carlos Casté,EP

No final da sua obra, São Luís aconselha algumas “práticas interiores muito santificantes para aqueles que o Espírito Santo chama à mais alta perfeição”. (16) Consistem elas em fazer todas as ações “por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, a fim de fazê-las mais perfeitamente por Cristo, com Cristo, em Cristo e para Cristo”. (17)

  1. Papa Clemente XI – nomeou São Luís Grignion “Missionário Apostólico”

    a)Por Maria – Segundo o padre Alfonso Bossard, “trata-se de conformar- se e deixar-se conformar por Ela, no espírito que A anima, o qual não é outro senão o Espírito Santo, fonte e princípio de toda a vida em Cristo”. (18)

  2. b) Com Maria – É o esforço que devemos fazer para imitar Maria, “na medida de nossas capacidades”. Ela é “o único e grande molde de Deus”, no qual é preciso lançar-se para se converter em “imagem perfeita” de Jesus Cristo. (19)
  3. c)Em Maria – “É mais propriamente um resultado ao qual se pode chegar, fruto que o devoto pode obter ‘por sua fidelidade’, como uma imensa graça, por ter posto em prática o ‘por’ e o ‘com’ Maria. Viver em Maria não é experimentar […] a presença amorosa de Maria?”. (20)
  4. d)Para Maria – É consequência lógica da consagração: fazer tudo para sua Senhora, desde pequenos serviços até os maiores empreendimentos. Não, porém – insiste, São Luís – como fim último de nossas ações, o qual só pode ser Jesus Cristo, mas como fim próximo, intermediário e meio mais eficaz de chegar a Ele.

PRECISAMOS DE UM MEDIADOR JUNTO AO PRÓPRIO MEDIADOR

São Luís Grignion consagra-se a Nossa Senhora

Os tópicos 135 a 182 do Tratado estão dedicados a expor os motivos que tornam recomendável esta devoção, entre os quais o de ser essa piedosa prática um caminho “fácil, curto, perfeito e seguro para chegar à união com Jesus Cristo, na qual consiste a perfeição do cristão”. (21)

Ora o que, em nossa opinião, constitui a principal razão para nos consagramos a Jesus pelas mãos de Maria é desenvolvido numa parte anterior da obra, na qual se enumeram e desenvolvem as verdades fundamentais da devoção a Maria. A quarta delas é: precisamos de um mediador junto ao próprio Mediador.

Grignion de Montfort faz notar que “por via de regra, nossas melhores ações são manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade existente em nós”. (22) Assim, não podemos estar seguros de ter as disposições adequadas para nossos pedidos serem atendidos. Tomando isso em consideração, pergunta ele: “Não precisaremos de um mediador junto ao próprio Mediador?”. (23) E sua resposta é: necessitamos da intercessão de Nossa Senhora para suprir nossas imperfeições e podermos, através d’Ela, nos apresentar diante do Medianeiro por excelência, Jesus Cristo, que é Deus, em tudo igual ao Pai e ao Espírito Santo.

Pelo que conclui o santo missionário: “Digamos, pois, ousadamente com São Bernardo que temos necessidade de um mediador junto do próprio Mediador, e que a divina Maria é a mais capaz de cumprir essa missão caritativa”.(24)

Como não lembrarmos, ao ouvirmos esses ensinamentos de São Luís, da Redemptoris Mater? Nessa encíclica, São João Paulo II, em perfeita harmonia com a doutrina mariológica do Concílio, realça a “função maternal” dessa mediação.  (25) E cita, para isso, a solene Profissão de Fé feita pelo Papa Paulo VI em 30 de junho de 1968, bem como o discurso de 21 de novembro de 1964, no qual o mesmo Papa proclamou Maria “Mãe da Igreja”.

 

(18) BOSSARD, SSM, Alphonse. La doctrina de San Luis María Grignion de Montfort. Algunos aspectos sobresalientes, p.16. (Documento oferecido ao autor pelos padres montfortinos de Bogotá).
(19) SÃO LUIS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 2018, 48ª edição, n.260.
(20) BOSSARD, op. cit., p.17.
(21) SÃO LUIS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, op. cit., n.152. Os tópicos 152 a 168 do Tratado, destinam-se a demonstrar essa afirmação.
(22) Idem, n.78.
(23) Idem, n.85.
(24) Idem, ibidem.
(25) JOÃO PAULO II. Encíclica Redemptoris Mater, n.47.
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Wiki, gallery-pfc