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SOMOS ESCRAVOS DE DEUS POR NATUREZA – II

(Continuação do post anterior “O prêmio da escravidão a Maria Santíssima – I”)

Pe. Juan Carlos Casté, EP

A pedra angular da doutrina exposta por São Luís Grignion é uma verdade por vezes olvidada: “Antes do Batismo, nós pertencíamos ao demônio como seus escravos, e o Batismo nos transformou em verdadeiros escravos de Jesus Cristo”. (4)

“Ignorais que não vos pertenceis a vós mesmos?” (I Cor 6, 19), pergunta o Apóstolo. E São Luís acrescenta: “Pertencemos inteiramente a Ele como seus membros e seus escravos, comprados por um preço infinitamente alto, o preço de todo o seu Sangue”. (5)

Assentado este princípio, o missionário francês explica a diferença entre o servidor assalariado e o escravo, realçando nos mais vivos termos a inteira sujeição deste último em relação ao seu senhor: “Pela escravidão, um homem depende inteiramente de outro por toda a sua vida e deve servir seu senhor sem pretender nenhum pagamento ou recompensa, como um dos animais sobre os quais ele tem direito de vida e de morte”. (6)

Essas palavras podem ferir os ouvidos do homem moderno, mas mostram com inegável clareza a necessidade de pertencermos totalmente a Cristo de forma perpétua, incondicional e gratuita.

Por natureza, afirma São Luís, todos os seres são escravos de Deus. Os demônios e os condenados o são também por constrangimento, os justos e os santos, por livre vontade. Este último gênero de escravidão é, obviamente, “o mais perfeito e o que dá maior glória a Deus, o qual olha o coração, pede o coração e é chamado o Deus do coração ou da vontade amorosa, porque por esta escravidão, a pessoa escolhe acima de tudo Deus e seu serviço, embora não obrigada a tal pela natureza”.(7)

JESUS E MARIA, UNIDOS COMO O FOGO E O CALOR

Mas por que ser escravo de Jesus por meio de Maria? A devoção a Ela não acaba por desviar nossa atenção de Cristo?

(É o que veremos no próximo post dessa série)

 

(4) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 2018, nº 68.
(5) Idem, ibidem.
(6) Idem, n.69.
(7) Idem, n.70.
(Adaptado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 123, de maio de 2012, p. 5. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )

Ilustrações: Arautos do Evangelho