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De onde vem nossa força?

Santo Inácio de Loyola

Um fato ocorrido no fim da vida de Santo Inácio, grande devoto de Nossa Senhora, nos faz ver duas coisas fundamentais para sermos verdadeiros filhos de tão santa Mãe. Para quem deseja ser filho predileto de Maria, consagrando-se com escravo de amor conforme ensina São Luís Grignion, o fato tem suma importância.

Estava Santo Inácio já no fim da vida, conversando com um discípulo. Relembrava esse as muitas ocasiões na vida em que o santo Fundador passara pelos trabalhos mais árduos, dificuldades inenarráveis, angústias as mais atrozes, empreendimentos mais ousados a exigir do Santo uma dedicação heroica, noites perdidas, contrariedades diante das quais qualquer um desistiria, etc.

Santo Inácio ouvia tudo e até acrescentava certos detalhes, tornando ainda mais pesado o fardo.

Em certo momento Santo Inácio afirmou que daria por bem empregados todos esses sacrifícios de sua longa e árdua vida, se, sofrendo tudo que sofreu, com isso evitasse um só pecado mortal… de uma alma que fosse para o inferno! (1)

Tal é a ofensa feita Deus por um só pecado mortal!

A CONSAGRAÇÃO A MARIA: CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS

Criados por Deus, a via para a felicidade eterna consiste na conformidade de cada ato nosso com a vontade divina, como diz São Luís Grignion no Tratado: toda a nossa perfeição consiste em sermos conformados, unidos e consagrados a Ele [Jesus]. (2) Para quem é consagrado a Jesus pelas mãos de Maria, o sinal certo de nossa sincera consagração é evitar absolutamente o pecado mortal.

O que é o pecado mortal, senão uma grave desobediência à vontade de Deus?

GRAVIDADE DE UM PECADO MORTAL

Se alguém tirasse a própria vida, cravando um punhal no próprio coração, mataria o corpo. No pecado mortal mata-se a própria alma, ou seja, faz cessar a vida divina em nós. Vida recebida no Batismo, pela qual passamos a ser filhos de Deus, e como diz o Apóstolo, “e nós o somos”. (3)

Alguém em pecado mortal, segundo a doutrina perene na Igreja, é um cadáver espiritual: para ele está fechada a felicidade eterna… e aberta uma outra da qual não se pode dizer que será feliz…

“Está muito severo o redator desse post, hoje!”

Perguntamos: o que está dito é verdadeiro, ou não?

UMA GRANDE ESPERANÇA

       Olhar materno

Para quem quer se consagrar a Nossa Senhora, essa verdade tem, entretanto o seu lado de esperança – melhor se diria, de certeza: a força do verdadeiro consagrado a Maria vem da própria força d’Ela. Se nos consagramos, as virtudes de Nossa Senhora passam a ser as nossas.

De Maria, Imaculada, cheia de graça, que nos obteve a vinda do Divino Redentor, co-Redentora Ela própria, podemos – e devemos – esperar toda ajuda necessária para jamais deixarmos de cumprir a vontade de Deus.

Confiança, portanto. Tudo poderemos n’Aquela que nos dá forças. (4)
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 (1) San Ignacio de Loyola. Nueva biografia, Ricardo García-Villoslada, BAC,  Madrid, 1986

(2) São Luís Grignion de Montfort, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 48ª edição, 2017, nº 120.

(3) IJo 3,1

(4) Fp 4,13

Ilustrações: Arautos do Evangelho