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No Centenário da Mensagem de Fátima: qual a atitude do mundo perante a advertência da Mãe?

Saber interpretar o tempo presente, e entender os sinais: eis a advertência que o Divino Mestre fez às multidões. Sabiam elas interpretar o aspecto da terra e do céu, porém não entendiam os sinais da Providência (cf. Lc 12, 54-56).

Somos nós também convidados a discernir e compreender os sinais que Deus nos envia ao longo da história da humanidade, com vistas a fazermos Sua vontade.

Celebramos o Centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima aos três pastorzinhos. Sabemos nós compreender o significado da Mensagem que a Mãe de Deus fez a cada um de nós? Qual foi a resposta do mundo ao mais extraordinário acontecimento do Século XX e que encontra sua atualidade em nossos dias?

Acompanhemos a magistral análise do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira¹ a respeito da Mensagem de Fátima, e nela encontraremos elementos esclarecedores às indagações feitas.

Com Nossa Senhora não se brinca

Há certos temas que nos são tão familiares e caros ao coração que se formaram objeto de inúmeros comentários de nossa parte. Porém, não poderíamos deixar passar o dia 13 de outubro sem determos um instante nossa atenção no assunto Fátima. Desta vez não vou comentar tanto a Mensagem quanto a atitude do mundo perante ela.

A Santíssima Virgem documenta a autenticidade de seu anúncio de dois modos. Em primeiro lugar, Ela a confia a pastorezinhos incapazes de compreender seu significado, limitando-se a repetir o que ouviram. Por vezes, discursos longos e complexos que eles transmitiam sem se contradizerem, mesmo submetidos a inquéritos policiais brutais.

De outro lado, Nossa Senhora produziu milagres que provavam à multidão ali reunida, e mesmo a gente de muito longe, que algo de sobrenatural se passara, como, por exemplo, a famosa “dança” do Sol. Tudo atestado por pessoas que moravam muito distante de Fátima.

Entretanto, chama a atenção no modo de o mundo receber a Mensagem de Fátima, não só a incredulidade de muitos à vista de episódios tão impressionantes, mas o fato de não se encontrar quem fizesse o seguinte comentário: tomada a Mensagem em si mesma, apenas pelo seu conteúdo, abstração feita de todos os prodígios que a cercaram, já havia todas as razões para admitir sua veracidade.

Quem conhecesse um pouco de Moral não podia duvidar que o mundo estava imerso num processo de pecados gravíssimos, cujo dinamismo permitia antever aonde levariam a humanidade.

Portanto, teologicamente falando, bastaria raciocinar um pouco para se ter a certeza de que, a não haver uma grande conversão, viria um castigo.

Assim, com um pouco de conhecimento da Teologia da História, ver-se-ia tratar-se de uma mensagem condizente com o que um homem de Fé, analista dos acontecimentos da época, dotado de alguma profundidade, deveria pensar.

Ora, as crianças transmitiram, assim, uma comunicação sábia e verdadeira em si mesma, de uma sabedoria e uma riqueza de conteúdo que excedia a capacidade delas. Logo, a mensagem é intrinsecamente verdadeira.

Em última análise, alguém que observasse o mundo daquele tempo à luz da Revolução e da Contra-Revolução distinguiria na Mensagem três aspectos: uma descrição teológica dos pecados daquele tempo, o anúncio de um castigo e a indicação dos meios de escapar deste, isto é, a penitência e a consagração ao Imaculado Coração de Maria.

A Porta da misericórdia é precisamente Nossa Senhora, chamada a Porta do Céu. Quer dizer, é ultrateológico que Ela tenha dito: “Cessem de pecar e recorram a Mim que obtenho a eliminação do castigo.” Nada mais razoável.

Contudo, a humanidade recebeu a Mensagem de Fátima com orgulho, quando ela exigia um ato de humildade, ou seja, que os homens reconhecessem: “Nós pecamos, andamos mal.” Exigia a emenda, o abandono da impiedade e da imoralidade na qual iam caindo. Por isso houve uma rejeição global em relação a essa Mensagem. Os resultados, vemos por toda parte.

Façamos um exame de consciência. Temos os olhos suficientemente abertos para a Mensagem de Fátima? Compreendamos que com Nossa Senhora não se brinca, e peçamos a Ela que tenha pena de nós.

¹ CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Excertos de Conferência. São Paulo, 13 out. 1970. In: Editorial. Dr. Plinio. São Paulo. Ano XX. N. 235 (Out., 2017); p.4.

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