QUAL TORRE ENTRE AS NÚVENS
Forte e esguia, elevando-se sobre a extensa paisagem qual vigilante sentinela, seus alicerces parecem aferrar-se à rocha enquanto o cimo atinge o céu. As nuvens, suas inseparáveis companheiras, formam-lhe ao redor uma graciosa coroa e vêm acentuar o imponderável de mistério que a circunda. Robusta mole de pedra, indiferente ao sopro dos ventos, mais do que cantar um passado de luta, parece apontar para um futuro de glória, luz e esplendor… Tal é a impressão que uma torre solitária causa ao espírito, sugerindo reflexões variadas e ricas de simbolismo.
No panorama da História, almas há que, como esta torre, emergem comum caráter único, incomparável, superior. Sua estatura de tal modo excede ao comum dos homens, que seu vértice conserva-se velado pelas brumas da ignorância dos que as rodeiam.
Assim sucedeu ao longo dos tempos com a pessoa de São José. Figura isolada, pouco se conhece de sua vida, e os Evangelhos sequer registram alguma de suas palavras. Entretanto, é ele o tipo do Santo que ultrapassa de modo admirável as proporções humanas. Baste-nos recordar que a própria Maria Santíssima, ao nomeá-lo diante de Jesus, deu-lhe o doce título de “teu pai” (Lc 2, 48).
Ora, chamar José de pai não teria maior relevância, e até poderia parecer corriqueiro à primeira vista, se não nos detivéssemos a considerar quem é esse Filho: o próprio Verbo de Deus, Onipotente e Infinito, que, ao encarnar-Se de modo inefável no seio da Virgem, o escolheu para ser seu pai legal e o custódio de Maria.
Segundo a lei judaica, pertencia a São José o fruto de sua esposa virginal, e lhe competia dar o nome à criança. Foi, assim, ao longo de 30 anos efetivamente o chefe da Sagrada Família.
Ante tal sublimidade, torna-se necessário dar-lhe o lugar que lhe é devido e, por isso, cabe aos séculos futuros rasgar as névoas que ocultam a magnitude da alma de São José e a excelsitude do encargo por ele recebido.
As vocações ímpares, como é por excelência a do Pai de Jesus, são feitas para as grandes esperas e as grandes realizações. Temos, portanto, a certeza de ter sido São José criado com vistas a agir de modo especialíssimo no prelúdio de uma nova era histórica, difícil de se imaginar, mas tão sublime que sentimos sua ponta tocar no Céu.
Mais clara ficará, entretanto, a grandeza dessa era se voltarmos nossos olhos para São José e compreendermos que foi ele destinado a possuir incontáveis filhos e filhas. Sim, aí está o segredo por onde ele deve reinar: o Pai de Jesus, chefe da Sagrada Família, será o Patriarca da História!
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(Originalmente publicada na revista “Arautos do Evangelho”, nº 147, de maio de 2014, p. 5. Para acessar o exemplar do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho, Luis Varela, Wiki