PERSEGUIDOS, POR QUE?
O recente post aqui publicado (“Por que a verdade desperta o ódio”) suscitou uma série de manifestações, sendo a maioria delas bastante compreensíveis. Uma das perguntas que nos chegam dá margem a um pequeno esclarecimento.
Vamos a esta pergunta, ou melhor esta perplexidade que, na medida do possível, procuraremos esclarecer.
Um simpático visitante deste Blog põe a questão nos termos assim resumidos:
Mesmo os que aceitam a verdade, por que aceitam de modo incompleto?
Nos dias de hoje ao dizermos a verdade ou procurarmos ser bons, somos mal vistos. E às vezes colocados de lado ou até perseguidos.
Dir-se-ia que Deus parece não ver o aperto que passam os que aceitam a verdade, ou querem ser como Ele prega no Evangelho.
Para mim isso — essa perseguição à verdade e ao bem — não pode durar muito mais. Algo Deus fará, tenho certeza. Mas quando?
Um recente editorial da revista Arautos do Evangelho parece responder a contento a perplexidade de nosso caro visitante. Eis o trecho:
JESUS, VERDADE E DIVISÃO
“Saiu o semeador a semear a sua semente” (Lc 8, 5). O campo somos nós, estes corações onde a mão de Deus deita amorosamente a semente da graça, na esperança de ver neles frutificar a virtude em abundância de boas obras. Contudo, estes corações recebem de formas muito diversas estas sementes: alguns como terra pisada, outros como espinhos, outros ainda como pedras, e só uma parte como terra boa (cf. Lc 8, 5-8).
Ademais, explica-nos Jesus que o Divino Agricultor não Se encontra sozinho agindo no campo. Muitos outros, junto com Ele, também estão semeando: uns, o trigo verdadeiro, e outros, o joio. Assim, num mesmo pedaço de terra, ambos são semeados juntos, crescem juntos e são até ceifados juntos… mas, numa fração de instante, são bruscamente separados: o joio é queimado, e o trigo recolhido (cf. Mt 13, 24-30).
Por quê? Porque Deus ama a virtude e odeia a iniquidade (cf. Hb 1, 9), e “não deixará prevalecer por muito tempo o domínio dos malvados sobre a sorte dos seus justos” (Sl 124, 3).
Finalmente, como será separado o joio do trigo? Apresentando-se a Verdade. Com efeito, ela esclarece, revela e divide; ela une, fortalece e salva os bons, mas desmascara, confunde e dissipa os maus. A Verdade é como a luz: diante daquela não resiste a maldade, como tampouco as trevas logram vencer a claridade. O Absoluto define, e Deus julga. O destino eterno se decide em função da opção que cada um faz perante a Verdade.
Isto explica as perseguições, os martírios e as bem-aventuranças, pois “assim perseguiram os profetas” (Mt 5, 12), e “se Me perseguiram a Mim, também vos hão de perseguir” (Jo 15, 20). Deste modo, perseguindo a Deus em seus filhos, cumprem “as profecias que se leem todos os sábados” (At 13, 27), muitas vezes sem disto sequer dar-se conta.
Portanto, a vitória de Deus é questão de tempo, e pouco! Importa permanecer n’Ele, para que “tenhamos confiança e não sejamos confundidos” (I Jo 2, 28) quando vier.
(Revista Arautos do Evangelho, nº 187, julho de 2017, p. 5 Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui ) )