Nunca é nunca mesmo
Por vezes – infelizmente por muitas vezes – em nossa vida cotidiana, à mercê dos fatores de desordem cada vez mais crescentes, vários se sentem inseguros e até angustiados face a um futuro nada alentador em tantos aspectos. Não faltam “crises” em quase todos os campos: social, religioso, econômico, moral, afetivo, etc. Mas este “etc” é quase interminável…
Muitos se sentem como náufragos num mar encapelado em meio à tempestade… sem salva-vidas ao alcance. Ou numa areia movediça sem ter no que se firmar. Assim por diante.
Esquecemo-nos que somos filhos – mas filhos de fato – de Deus. De Deus que nos quis dar por Mãe sua própria Mãe. É desse “ponto de apoio” que nos esquecemos o mais das vezes. Se d’Ela nos lembrássemos e a Ela recorrêssemos com confiança muitas das nossas inseguranças desapareceriam.
Nesse sentido, animar a que recorramos a Nossa Senhora é um dever urgente. Para cumprir esse dever pareceu-nos oportuno transcrever as considerações que se seguem.
NUNCA SE OUVIU DIZER
Celso Pedrosa Gonçalves
Para Maria não existem palavras como “difícil”, “impossível”, “irrealizável”, “irremediável”. Ela é chamada de Onipotência Suplicante, pois seu Divino Filho jamais deixa de atender qualquer pedido seu.
O próprio Judas Iscariotes, o infame traidor, se houvesse recorrido a Ela, seguramente teria alcançado o perdão e se regenerado.
A oração a seguir, do grande São Bernardo de Claraval deveria estar sempre em nossos lábios e em nossos corações:
“Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido a vossa proteção, implorado vossa assistência e reclamado vosso socorro, fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, com igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como a mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso de meus pecados, me prostro a vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Verbo de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e alcançar-me o que Vos rogo. Assim seja!”
Nunca é nunca mesmo, e não admite exceções! Se Nossa Senhora nunca deixou de atender, não serei eu o primeiro a não ser atendido…
Um expressivo exemplo a este respeito é relatado por Frei Wenceslau Schepper, OFM, em seu livro “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia” (Ed. Vozes, 1993). Um jovem francês, condenado à morte por seus numerosos crimes, aguardava com o coração cheio de ódio a Deus, o dia da sua execução. Um sacerdote tentou visitá-lo, mas o criminoso o repeliu gritando: “Fora! Para fora! Não quero saber de padres!”
O padre, porém, permaneceu pacientemente no local até conseguir entabular conversa com o infeliz condenado. Após algum tempo, o miserável contou-lhe sua triste história. Mas ao ouvir falar em confissão, tomou-se de tal furor que quase agrediu o zeloso ministro de Deus.
Este convidou-o, então, a rezar com ele o “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria”. Surpreendentemente, ele acedeu. A oração pareceu agradar-lhe e prometeu rezá-la outras vezes. Finalmente, após repetidas visitas, o padre conseguiu convencê-lo a se confessar.
Com a alma limpa, completamente mudado, o delinquente chorava de emoção, dando provas de sincero arrependimento.
Alguns dias depois, foi executado. Suas últimas palavras foram: “Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria…”
Que este fato nos ajude a ter uma confiança pleníssima, sem limites, na Mãe de Deus e nossa.
(Compartilhado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 20, agosto de 2003, p. 39. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui ) )
Ilustrações: Arautos do Evangelho