O que é a escravidão a Maria
O ponto essencial da verdadeira devoção pregada por São Luís Grignion é a consagração como escravo de amor à Santíssima Virgem. Uma consagração que, frisa bem ele em seu Tratado, é na realidade uma consagração a Nosso Senhor Jesus Cristo “pelas mãos de Maria”, expressão que ele repete inúmeras vezes em sua portentosa obra.
A alguns leitores talvez cause estranheza a palavra escravo, usada por São Luís, adaptando-a de São Paulo (cf. Fl 2, 7), para designar a entrega total a Jesus Cristo por meio de sua Mãe Santíssima. Entretanto, explica o Santo, ela é uma perfeita renovação das promessas do Batismo, que todo católico faz várias vezes ao longo da vida.
Antes do Batismo, explica São Luís, todo ser humano é escravo do demônio, pois lhe pertence. No Batismo, porém, ele renuncia solenemente a satanás, suas pompas e suas obras, e toma Jesus Cristo por seu Mestre e soberano Senhor, tornando-se seu escravo de amor. E conclui: “O mesmo se faz na presente devoção: cada qual renuncia (como está dito na fórmula da consagração) ao demônio, ao mundo, ao pecado e a si mesmo, e se entrega totalmente a Jesus Cristo pelas mãos de Maria”. (1) Mas com uma importante diferença: no Batismo, as crianças se manifestam pela voz de seus padrinhos; nesta devoção, a pessoa fala por si mesma, com pleno conhecimento de causa.
DOUTOR PLINIO EXPLICA
Bem esclarece Dr. Plinio Corrêa de Oliveira: “[A escravidão de amor] é um vínculo de dependência que nós aceitamos em relação a Nossa Senhora: nós A amamos tanto e temos n’Ela uma tal confiança, que nós queremos fazer tudo que Ela quer, como o escravo faz tudo o que seu senhor mandar. É uma dependência de amor; não é imposta pela força. É feita por amor.
Essa consagração não é um voto, não obriga sob pena de pecado. É um ato livre que cada um faz livremente, e vale na medida que for livre e a pessoa continue nessa consagração o tempo que queira.
No momento infeliz em que a pessoa não queira mais esse vínculo com Nossa Senhora é só chegar a Ela e dizer: ‘Mãe de Deus — já não vos digo minha Mãe —, tudo acabou’.
Mas o fato é que não há nem sequer pecado: cessado o amor, cessa o vínculo”. (2)
(1) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem, Ed. Vozes, Petrópolis, 48ª edição, 2018, nº 126.
(2) CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Comentários ao “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”. São Paulo, 1951. (Devido a sua luminosa clareza, este parágrafo é acrescentado pela redação do Blog)
(Trecho do artigo “Um livro profético”, do Pe. Juan Carlos Casté, EP, na revista “Arautos do Evangelho”, nº 184, abril de 2017, p. 20. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho
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