Enormes minúcias

Ocorre por vezes olharmos para algo, até mesmo várias vezes e não nos darmos conta do alcance e grandeza de certas minúcias. Só fixando com atenção e análise percebemos as maravilhas ali contidas. Pode ser um objeto, uma joia, uma foto, um escrito ou algo que ouvimos. Há outro fenômeno decorrente deste: quanto mais vezes olhamos ou ouvimos essas aparentes minúcias sem atenção, mais elas deixam de nos interessar.

Isso pode acontecer até em relação a coisas sagradas. Por exemplo, quantas vezes ouvimos o Evangelho, ou mesmo o lemos, sem nos darmos conta que uma pequena expressão contém algo de imensamente significativo? Uma enorme minúcia, diríamos.

Lembro-me como, numa conversa, se expressava o Mons. João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho:

“A Igreja é uma obra-prima de Deus: Ele a adornou com maravilhas até nos detalhes. Quando, por assim dizer, a nossa mão tocar em algo da Igreja, osculemos aquilo, pois certamente é mais uma maravilha” ⁽¹⁾.

UMA  ENORME MINÚCIA NA QUINTA-FEIRA SANTA

Vejamos um exemplo, de algo que ouvimos em cada Missa que participamos. Algo ocorrido na “quinta-feira santa” por excelência: na Santa Ceia, véspera da morte de Jesus.

“Este é o meu Corpo”

No momento da Consagração ouvimos: “na noite em que foi entregue, [Jesus] tomou o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós” (1Cor 11, 23-24).

Fica muito claro tratar-se do momento no qual Jesus realiza o divino milagre da Eucaristia: sob as aparências de pão, a hóstia é Ele mesmo. A maioria dos comentaristas das Escrituras ressalta — e é magnífico que ressaltem — a prova de amor que Ele nos dá, ficando conosco até o fim dos tempos. Para garantir isso, concede aos Apóstolos e a todo sacerdote, o poder de realizar o mesmo milagre, ou, para ser mais preciso, Ele, Jesus, renovar este milagre pela voz do celebrante em cada Missa, conforme Ele mesmo ordenou: “Fazei isto em memória de Mim” (1Cor 11, 24).

NA “MINÚCIA”, UM REQUINTE DO AMOR DE DEUS

Há, entretanto, nesta frase uma manifestação a mais do amor de Jesus por cada um de nós que pode passar despercebido: é a circunstância em que Jesus faz este ato imenso de amor. Esta “enorme minúcia” está na expressão “Na noite em que foi entregue”. Ou seja, no próprio momento em que seus inimigos se conpiravam para matá-Lo, para expulsá-Lo do convívio conosco, Ele excogita um modo de ficar…

Caifás assina a sentença de morte de Jesus

Segundo várias revelações privadas — nas quais não se é obrigado a crer —, no exato momento em que Jesus pronunciou: “isto é o Meu corpo”, no Sinédrio, Caifás assinava sua sentença de morte.

Mais uma vez, e num momento auge, Jesus quer nos demonstrar a imensidão de seu amor. Por mim, que escrevo; por você que lê.
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AMOR COM AMOR SE PAGA

Santa Terezinha costumava dizer em suas orações e escritos: “Eu sei, Jesus, que amor com amor se paga”. Como poderemos retribuir, pelo menos em algo, esse amor imenso de Deus por nós? O próprio Jesus nos indica: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14,23).

Ou seja, mostra amar realmente a Deus quem seguir os preceitos e conselhos deixados por Jesus.

Bem pode ser a falta de amor a Jesus, por meio sempre de Maria, a razão do estado atual do mundo e da vida de muitos.

Pense nessa “enorme minúcia”.

⁽¹⁾ Tirado de anotações do autor destas linhas, feitas após a conversa.

Ilustrações: Arautos do Evangelho, wpress, reprodução.