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O grande “acerto de contas”, a aula magna da História

É muito breve a existência do homem nesta terra, pois ele “passa como uma sombra” (Sl 38, 6-7). Ademais, “o tempo passa depressa” (SI 89, 10).

E depois da morte? Há, sem dúvida, um juízo particular; cada ato humano é pesado, contado e medido, e o consequente destino eterno é estabelecido: tendo sido objeto de constante misericórdia da parte de Deus ao longo da vida, perdoando-nos sempre que pedíamos, é preciso que neste momento Ele manifeste sua Justiça.

Os crimes praticados em vida causam estragos que precisam ser reparados, portanto, é necessário que a Justiça seja feita a todos os prejudicados.

Por outro lado, quantos heroísmos são praticados no silêncio e na escuridão! Tudo isso deverá ser revelado (cf. Lc 12, 3: Mt 10, 26), num grande “acerto de contas”, e este será o Juizo Final.

Contudo, limitá-lo a isto seria demonstrar uma visão muito apoucada. Com efeito, a grande prejudicada pela infidelidade dos homens é a História, pois todo homem tem uma missão única e irrepetível que, não cumprida, prejudica todos que dependiam de sua fidelidade. Esta responsabilidade também deve ser julgada, e perante todos.

Ainda há mais. Deus criou o mundo para glorificá-Lo. É, pois, preciso que suas criaturas Lhe deem toda a glória. Ora, a maior beleza da História não pode ser vista pelos homens antes de seu fim, pois — por estarmos em estado de prova — Deus não nos revela tudo o que faz. Ele escreve certo com linhas que talvez nos pareçam tortas, mas é necessário que, em determinado momento, se manifeste a retidão que sempre existiu na escrita de Deus.

Neste sentido, o Juízo Final será a grandiosa aula magna da História, mas também a última derrota do mal: ser-lhe-á arrancada qualquer ilusão de vitória que ainda lhe sobrasse. Aos condenados só restarão desânimo, choro e derrota.

Terá se realizado na plenitude o plano de Deus (cf. Ap 11, 15-18), e assim como a história de um edifício só começa realmente ao ser concluída sua construção, assim também a criação só chegará ao seu auge depois do Juízo Final.

Então, começará a eternidade, isto é, se iniciará a verdadeira História da humanidade… para a qual a História desta terra terá sido apenas a introdução.

Mas, onde estaremos? No lugar que houvermos merecido. Mais uma vez, somos nós que decidimos…

 

(Adaptado da revista “Arautos do Evangelho”, nº 203, novembro 2018, p. 5. Para acessar a revista Arautos do Evangelho do corrente mês clique aqui )
Ilustrações: Arautos do Evangelho