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A família Arautos acolhe os novos consagrados


“Nossa Senhora é o caminho fácil para ir a Nosso Senhor, porque é o caminho cheio de plenitude da graça e unção do Espírito Santo.” (São Luís Maria Grignion de Montfort)


Envoltos em um ambiente de muita benção e serenidade, no qual uma notável alegria se percebia estampada em todas as faces (mesmo que por detrás das máscaras), aproximadamente 30 pessoas participaram ontem – 22 de agosto – de mais uma solene Missa de Consagração a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria Santíssima.

Sendo festa de Nossa Senhora Rainha, dia mais propício não poderia haver para a realização de tão importante cerimônia.

Assim, fazendo jus às palavras do Revmo. Pe. Cristian Bitencourt – EP, quem celebrou a Santa Missa, Nossa Senhora continua sua missão no Céu, intercedendo por cada um de seus filhos; e o entregar-se a Ela como escravo de amor não é senão permitir que essa Augusta Soberana reine sempre em nossos corações.

Nossa Senhora Rainha, rogai por nós!

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* Seguem abaixo algumas fotografias desta solenidade:

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Assumpta est Maria, gaudent angeli!

Madonna del Transito – Santa Maria Maggiore, Roma.


Quando ascendeu ao Céu, Maria pôde contemplar os coros angélicos e a multidão de bem-aventurados que A receberam em festa. Considerações de Dr. Plinio, manifestando seu encanto com a Assunção de Nossa Senhora.


Devoção às alegrias de Nossa Senhora

Dr. Plinio no fim dos anos 80

Era costume entre os antigos reportar-se às alegrias da Santíssima Virgem. Essa era uma devoção bastante difundida, a

ponto de um dos santuários marianos mais famosos do Brasil, o de Guararapes, em Pernambuco, ser dedicado a Nossa Senhora dos Prazeres.

Na vida de Nossa Senhora notamos inúmeros movimentos de alegria. O mais insigne deles é evidentemente o Magnificat.

Porém, nenhuma das alegrias que a Santíssima Virgem teve nesta vida foi tão grande quanto à da sua Assunção.

Após a dormitio, Maria ressuscitou no apogeu de seu estado físico, mas também no auge de sua vida espiritual, pois a maturidade do corpo e a maturidade da alma se relacionam.

No dia de sua Assunção, Nossa Senhora estava na plenitude da santidade. Sua alma santíssima, que não deixou de progredir um minuto sequer durante toda a sua existência terrena, tinha chegado ao clímax. A Virgem Maria chegara à suprema perfeição. Possuía incomparável beleza de alma, pois estava repleta de virtude; seu amor a Deus atingira o apogeu. Essa santidade transluzia em toda a sua pessoa e Lhe dava uma beleza incomparável.

 

Entrada de Maria no Céu

Podemos imaginar sua alegria, sabendo que, a partir daquele momento, entraria no Céu com corpo e alma. Passaria por um cortejo incontável de Anjos, que prestariam a Ela homenagens como nunca nenhuma rainha deste mundo, nem de longe, recebeu. E Ela compreendia a natureza de cada Anjo, sua luz primordial_, a graça recebida por cada um, seu amor a Deus, e o amor de Deus para com cada um deles. Maria Santíssima tinha o conhecimento perfeito da hiperdulia que as miríades de Anjos Lhe prestariam. E Ela, tendo uma alegria completa por cada um desses louvores, sabia que os merecia, porque tinha sido a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu espelho fidelíssimo.

Imaginemos que um Anjo da Guarda aparecesse para um de nós e dissesse: “Meu filho dileto, você é extraordinário! Sobre você pousam todas as minhas complacências. Você é inteiramente digno de minha benevolência.” Esta pessoa teria grande tentação de vaidade. Um elogio desses, feito por uma natureza angélica, imensamente maior do que a nossa, é algo inebriante…

Sendo mera criatura humana, Nossa Senhora estava recebendo o amor entusiástico de todos os Anjos, e a corte que durante milhares de anos tinha esperado sua Rainha ficou transformada em algo lindíssimo, porque Ela estava chegando. A beleza do mundo angélico não atingira toda a formosura para a qual fora criado, porque era preciso que uma criatura humana o governasse. Nossa Senhora coroava com uma perfeição altíssima a beleza do Céu.

Certamente, Ela deve ter se encontrado com as almas santas que tinham subido ao Céu após a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, e sem dúvida encontrou-se com São José, com quem permutou uma saudação cheia de respeito e afeto sobre a qual nem sequer podemos ter ideia. Como deverá ter sido a alegria da alma de São José ao rever Nossa Senhora?

 

Beleza do transluzimento da santidade em Nossa Senhora

Coroação da Santíssima Virgem – Catedral de Siena, Itália.

Maria Santíssima crescia continuamente em graça e santidade, por isso, quando chegou a hora de sua morte, Ela era muito mais santa do que quando São José morreu. Quando ele A viu ressurrecta, repleta de toda a santidade que deveria atingir segundo os planos de Deus — e que de fato Ela atingiu —, notou que a santidade transluzia em toda a sua pessoa com uma beleza incomparável. Com que veneração São José, afinal, via Nossa Senhora em corpo e alma, cujo esplendor era ainda maior do que Ela possuía na Terra!

São Joaquim e Santa Ana, sendo pais de Nossa Senhora, devem certamente ter tido o privilégio de assistirem, a partir de um lugar de destaque, o ingresso d’Ela no Céu. Sabemos que os pais têm uma propensão natural por seus filhos, sobretudo quando são excelentes pais. Afinal, era justo que, tendo dado Maria Santíssima ao gênero humano, assistissem de um lugar especial a sua entrada no Céu.

Adão e Eva, os primeiros pais do gênero humano, deveriam estar ali presentes. Depois de verem tantas desgraças causadas por seu pecado, puderam contemplar o remédio concedido por Deus para solucionar esse pecado, fazendo nascer Nosso Senhor Jesus Cristo e glorificando de tal maneira a Mãe Imaculada do Redentor. Podemos ainda imaginar o desfile maravilhoso das almas eleitas e dos Anjos que A receberam no Céu, por assim dizer gradualmente, num como que desfile esplêndido, cantando hinos de glória. E, afinal, todo o paraíso celeste pondo-se a cantar, enquanto Ela sobe até o trono da Santíssima Trindade.

Por fim, a Assunção chega ao seu auge: a coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Anjos e dos Santos, do Céu e da Terra, pela Santíssima Trindade. Houve então uma verdadeira festa no Céu. Não é uma hipérbole, mas uma festa autêntica, em termos e modos que não podemos imaginar. Foi o mais alto grau de alegria que possa haver. Ela foi coroada por ser Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filha do Padre Eterno e Esposa do Divino Espírito Santo.

 

(Extraído de conferências de 15/8/1966 e 1/11/1975)


1) A morte d’Ela foi tão leve que se compara a uma dormição.

2) Dr. Plinio assim designava o conjunto de virtudes ou atributos divinos que cada Anjo, ou cada alma, é especialmente chamado a conhecer e amar.


* Texto publicado originalmente no site Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, em 1º de Agosto de 2009: http://drplinio.com/2009/08/assumpta-est-maria-gaudent-angeli/

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Live: Profecias sobre os Últimos Tempos

Imperdível – Profecias sobre os Últimos Tempos, em 3 lives com o Pe. Thiago Geraldo – Arautos do Evangelho
* Data: 10, 12 e 14 de Agosto;
* Horário: às 19h30;
“Fátima, La Salette, Nossa Senhora do Bom Sucesso, Padre Pio, São Luís Grignion de Montfort”
“Conheça os avisos de Deus e de Maria Santíssima ao Mundo, para os Últimos Tempos”
O que a doutrina Católica ensina, o que os Santos souberam e pregaram!
Você quer estar preparado quando chegar a hora?
Inscreva-se: https://hotm.art/fim

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Trabalhar ou rezar?


“Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”. (Lc 10, 41-42) 


Autor: Douglas Wenner

Comemora-se hoje o dia de Santa Marta, irmã de Santa Maria Madalena e de São Lázaro, o maior amigo de Jesus, o que fora ressuscitado após quatro dias de sua morte, e por quem o Mestre derramou suas lágrimas divinas, as quais cravejaram o leito desta terra, podendo bem ser consideradas mais preciosas que quaisquer diamantes que possam existir.

Não raras vezes, tem-se o costume de denominar de “Marta” alguém que tenha grande aptidão para o trabalho, reservando a via contemplativa para “Maria”. Isso porque, nas Sagradas Escrituras, encontramos a narração do episódio em que Nosso Senhor estava visitando tal família, e enquanto Marta se encontrava absorta nos afazeres da casa, Maria se embebia ininterruptamente das graças emanadas do convívio com o Redentor. Semelhante a essa cena, é possível ouvirmos alguém dizer: “Não posso lhe ajudar agora, pois agora preciso rezar…”. Ou por outro modo, pode sair dos lábios de alguém: “Não tenho tempo para rezar, pois trabalho demais…” Vida contemplativa? Vida ativa? Eis a questão…

Obviamente, devemos sempre realizar algum trabalho, dado ser indiscutível que o labor dignifica o homem. A esse respeito, nos adverte o Apóstolo em sua Carta aos Tessalonicenses que, “quem não quer trabalhar, também não deve comer.” (2Ts – 3,10) Mas também argumentamos pela égide de São Mateus, que “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus(Mt, 4-4). Destarte, por mais justificável que possa parecer o motivo, estará alguém dispensado do trabalho ou da oração? O que é mais recomendável fazer, trabalhar ou rezar?

Nesse sentido, explica-nos o Mons. João Clá Dias, Fundador dos Arautos do Evangelho:  “O Divino Mestre diz que Maria escolheu a melhor parte [a contemplação], mas não afirma ter ela agido impelida pelo amor perfeito.”(1)

Contudo, somos chamados a dar a Deus a perfeição de nosso amor, o que temos de melhor: as duas partes, ou seja, tudo! Esse tudo deve abranger todos os nossos pensamentos, palavras e ações, e também nossos desejos, os quais devem ser santos e ousados, visando sempre o perfeito louvor a Deus, seja nos momentos mais corriqueiros do dia quanto nos mais sublimes, fazendo de todos os nossos atos, um louvor contínuo ao Criador.

Também São Bento, o grande Patriarca da Europa, responsável pela expansão da vida contemplativa nesse continente, cujos discípulos muito trabalharam, há séculos já tratara sobre esse tema, deixando claro em sua Regra: “Ora et Labora” (Rezai e trabalhai).(2) Eis a via pela qual devemos caminhar, seguindo ora os passos orantes, ora os laborais, em ambos buscando a maior glória de Deus!

Concorde a isso, também nos ensina Mons. João: “Devemos imitar as duas irmãs. Fazer todos os atos cotidianos com o amor de Maria; mas, como Marta, cumprir nossas obrigações de modo exímio. Porque a vida dos homens tem momentos de ação e de contemplação e, tanto em uns quanto em outros, é preciso ser ‘perfeito como o Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48)”. (3)

Sejamos ao mesmo tempo Marta e Maria! E fazendo um trocadilho entre esses dois nomes, bem poderíamos dizer “Martíria”, ou seja, martírio! Semelhante à disposição de um mártir, testemunha de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Igreja, entreguemo-nos ao serviço de Deus por inteiro e sem reservas. Isso exigirá de nós não pequeno esforço… Mas, sabendo que a isso somos chamados, confiemos que o auxílio sobrenatural de Nossa Senhora, Rainha dos Mártires, Mãe do Divino e Belo Amor, não nos faltará! Ela foi quem sempre deu tudo. Como a Serva do Senhor, e Mãe nossa, tenhamos a certeza de que seu amparo estará constantemente a nosso dispor!

 

 (1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 236.

(2) São Gregório Magno – Papa. Vida e Milagres de São Bento. Ed. Artpress. 8ª Ed.

(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 238.

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Arquidiocese de Vitória ordena seis novos sacerdotes


 Não fostes vos que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós e vos constitui para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. ”. (Jo 15, 16)


Autor: Douglas Wenner

Na solene festa do Apóstolo São Tiago, neste corrente ano de 2020, nossa Arquidiocese exulta de alegria! Seis novos sacerdotes foram ordenados hoje, por Sua Exma. Revma. Dom Dario Campos – OFM, na Catedral Metropolitana de Vitória.

Ouvindo o belo cântico do Sicut Cervus – Palestrina, eximiamente entoado pelo coro, os fiéis presentes à cerimônia puderam bem constatar o que contempla o Salmo 41: “Como o cervo anseia pela fonte das águas, a minha alma anseia por Vós, ó meu Deus!”

Assim estavam os neo-sacerdotes: ávidos por beberem dessa fonte de águas divinas, para desse modo servirem a Deus e à Igreja, a exemplo do fervoroso apóstolo!

Aproximadamente sessenta sacerdotes concelebraram a Santa Missa e participaram do Rito de Ordenação, dentre eles o Revmo. Pe. Fernando Bitencourt – EP, quem presenciou as bênçãos derramadas no recinto sagrado, bem como a alegria dos novos presbíteros, cujas fotografias seguem abaixo.

* A foto de capa desta publicação foi obtida do site da Arquidiocese de Vitória-ES: https://www.aves.org.br/noticia/T8QmVxwleycgAicfD8li/Noticias

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Santiago de Compostela, cidade nascida de uma devoção


O cabo Finisterre, situado no litoral da Galiza, era o lugar no qual, para os antigos, terminava a terra conhecida e começava o misterioso e insondável Oceano Atlântico. Muito perto dali, encontra-se um dos centros de peregrinação mais visitados da Cristandade.


Autora Irmã Mariana Arráiz de Morazzani, EP

Santiago de Compostela, o milagroso sepulcro do Apóstolo São Tiago

Santiago de Compostela é um dos raros exemplos de cidade que nasceu graças à devoção de dezenas de milhões de peregrinos. De fato, sua história confunde-se com a das peregrinações, desde que no Campus Stellae (Campo da Estrela), como é chamado o local, foi encontrado milagrosamente o sepulcro do Apóstolo São Tiago.

A vida do santo, uma das mais belas da hagiografia cristã, seria suficiente para explicar por si mesma a imensa atração que suas relíquias têm exercido sobre o mundo católico.

Segundo a tradição, depois de Pentecostes os primeiros discípulos se dispersaram para pregar o Evangelho. São Tiago o Maior era primo de Nosso Senhor e irmão de São João. Foi chamado também por Jesus de o “filho do trovão”, devido a seu temperamento fogoso. Talvez por isso lhe correspondera evangelizar a Península Ibérica, uma das regiões mais remotas do mundo daquele tempo.

Após conturbada travessia marítima, o apóstolo desembarcou na Ria de Arousa e passou sete anos levando a palavra do Divino Mestre àquelas regiões. No ano 44, voltou a Jerusalém, onde foi preso por ordem de Herodes, que mandou matá-lo à espada, tornando-se assim o primeiro mártir entre os apóstolos. Assim o narra o capítulo 12 dos Atos. 

Logo após o glorioso martírio, o corpo do santo foi levado para a Espanha e colocado em um túmulo de mármore. Assim, neste local, foi venerado até o século III. Posteriormente, com as invasões dos bárbaros no século IV, seguidas pelas dos árabes no século VIII, os habitantes do lugar acabaram perdendo a noção de onde se encontrava o sepulcro do Apóstolo.

O campo da estrela

Por volta de 820, ocorreu um fato milagroso que marcou o reinício da história que São Tiago continuaria a escrever da Eternidade. Nessa época, uma misteriosa estrela começou a aparecer acima de um campo por várias noites consecutivas. Um ermitão de nome Pelayo, habitante das redondezas, convencido do caráter sobrenatural do fenômeno, informou o bispo Teodomiro acerca do estranho acontecimento. Este dirigiu-se ao local com todos os seus fiéis e, seguindo o caminho indicado pela estrela, achou o sepulcro de mármore com os restos do Apóstolo. Sobre esse precioso tesouro, Afonso II o Casto, rei das Astúrias, edificou uma igreja e um mosteiro. A partir de então, a devoção ao santo e o culto a suas relíquias se propagou pelo país.

Santiago de Compostela, padroeiro de toda a Espanha

Porém, foi necessário outro acontecimento milagroso para que o Apóstolo se transformasse em padroeiro de toda a Espanha.

Conta a tradição que durante a batalha de Clavijo, em 844, o rei de Leão, Ramiro I, à frente de um punhado de cristãos, mantinha um combate desesperado contra 70 mil muçulmanos. De repente, apareceu um cavaleiro montado num cavalo branco, portando um estandarte com uma cruz vermelha e, misturando-se aos combatentes, arrasou o inimigo. Todos o reconheceram. A partir dai, “São Tiago!” passou a ser o brado de guerra na grande luta da Reconquista, a qual recebeu um novo ímpeto espiritual, sob a proteção do insigne Apóstolo.

A fama de São Tiago transpôs os Pirineus no momento em que as nações da Europa rumavam para uma profunda unidade religiosa e cultural. A partir do século XI, devido especialmente ao incentivo dos Papas e ao apostolado dos monges de Cluny, as peregrinações a Compostela passaram a atrair cada vez mais as populações da Península Ibérica e de outros países.

No início do século XII, o Papa Calixto II concedeu ao lugar um singular privilégio, confirmado em 1179 por Alejandro III na bula Regis aeterni: todos os anos em que o dia 25 de julho, festa do Apóstolo, coincidir em domingo, podem-se ganhar nessa igreja todas as graças do Jubileu. Nascia assim o Caminho de São Tiago ou “rota jacobéia”.1 A Cristandade ganhava, ao lado de Jerusalém e de Roma, um novo centro de devoção.

Peregrinações à Santiago de Compostela

Partia-se em peregrinação para cumprir um voto, pedir uma graça, implorar uma cura ou obter o perdão das próprias faltas. Todavia, era uma empresa cheia de riscos: as feras, os bandidos, o longo caminho a percorrer, o cansaço. Os peregrinos agrupavam-se em enormes colunas para se protegerem mutuamente. No decorrer do tempo, foram estabelecidas quatro vias principais, com hospedarias, hospitais, pontes, calçadas, cruzes e igrejas espaçosas. O fiéis podiam dessa forma encontrar tudo quanto era necessário para o cuidado dos corpos e das almas durante suas peregrinações. Cada ponto do percurso dava ao peregrino a oportunidade não só de descansar, mas de venerar uma relíquia, rezar diante de uma imagem, conhecer o relato de algum milagre, antes de ser acolhido por São Tiago, em Compostela.

Naquela época, a Igreja, ao estender sua mão pacificadora e cheia de doçura no Caminho de São Tiago, povoou a Europa de maravilhas. Erigindo  assim edifícios com as belezas austeras da arte românica e a luminosidade radiante do gótico. O fervor religioso, servindo de ponto de contato espiritual entre os povos europeus, fez com que todos se sentissem solidários na mesma Fé.

Hoje, por fim, transcorridos vários séculos, peregrinos do mundo inteiro enchem cada verão as rotas jacobéias. E, chegados à imponente Basílica, acorrem logo a rezar ante as relíquias do Santo e a dar o tradicional “abraço” à imagem que se venera no altar-mor.

* Texto publicado originalmente na Revista Arautos do Evangelho – n. 11, em Novembro de 2002 (p. 49 à 51).

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