Todo ser humano precisa da presença de uma autoridade saudável e de regras claras. É assim na escola, no trabalho, no trânsito, nas igrejas, e não pode ser diferente na família.
Autora: Daiana Melo dos Santos (Psicóloga)
Vejo muitos pais com a intenção de serem amigos de seus filhos, “igualando” a relação com eles como forma de garantir a confiança e o afeto. Inúmeras vezes, pensam que precisam suprir todas as carências da criança e do adolescente, na tentativa de eximir sentimentos como angústia e tristeza. Não querendo que o filho se sinta excluído do grupo, compram tudo o que ele pede, permitem a realização de vários desejos, pois mesmo sem concordarem, pensam que não podem lutar contra a modernidade…
Os pais vivem em uma crise atenuante. Se fazem o que os filhos querem, são permissivos; se agem com mais rigor, são vistos como autoritários. Se batem, fazem errado; mas se não castigam, faltam com a autoridade.
Numa realidade onde a tecnologia parece atropelar o mundo real, os “amigos” ocupam um lugar prioritário na vida de jovens e adolescentes. As drogas estão cada vez mais disponíveis e os valores morais cada vez mais “líquidos e fora de moda”. Nesse contexto, como educar os filhos? Como conquistá-los na sociedade em que vivemos?
São perguntas que inúmeros pais fazem diariamente… E espero, de alguma forma, contribuir através deste texto. Busquei trazer orientações importantes de forma sucinta, pois o assunto é extenso.
– As regras são fundamentais
É importante que a família tenha regras claras de convivência e valores que respeitem, os quais querem fazer perpetuar. Os responsáveis precisam ter a mesma linha de pensamento, concordes a como será a educação do filho, sempre respeitando um ao outro. Se houver divergências entre as figuras de autoridade, a criança tende a se sentir insegura e com pouca referência.
– A criança e o adolescente precisam de exemplos
Não adiantam belos discursos, se na prática nada se solidifica. Aquele ditado: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, não deve ser usado jamais. Os filhos observam seus pais, seu comportamento no trânsito, em casa, na igreja… tanto os mais corriqueiros quanto os mais importantes. Eles aprenderão muito mais com os exemplos dados do que com as palavras ditas. Quando existe admiração, existe desejo de se tornar semelhante. Como já se dizia desde séculos, “as palavras comovem, mas são os exemplos que arrastam”.
Sant’Ana ensinando sua bendita filha, Maria
– É preciso autoridade e não autoritarismo
Não se educa humilhando, xingando, maltratando, destacando os defeitos. Também não se educa entendendo todos os erros como sendo passíveis de aplausos. O ato de educar exige dos adultos responsabilidade e maturidade. Os pais devem ter equilíbrio emocional para educar! Ensinar gritando, não gera aprendizado, somente irritabilidade e desestruturação do ambiente. Pense antes de dar uma resposta. Se for um ‘não’, justifique claramente. Nada de dizer: “Não é não, e pronto”. As crianças estão cada vez mais inteligentes e buscam repostas plausíveis. Diga por exemplo: “Não, pois isso contradiz aos nossos valores de família, etc.”.
É preciso muita cautela quando se deseja moldar um comportamento. Muitas vezes os pais, movidos pelo impulso, anunciam punições que não cumprirão. Por exemplo: “Você ficará um mês sem celular”. Terão condições de cumprir o que dizem? É fundamental que o “castigo” tenha relação com o mau comportamento, para que se faça sentido, gerando assim aprendizado. É necessário destacar que o comportamento foi inadequado e mostrar as consequências.
– Demonstre afeto e tenha tempo para o seu filho
Não basta amar; tem que falar, abraçar, beijar e estar junto! Quem ama, dedica tempo ao outro. O afeto é fundamental para a estrutura do ser humano, para todo o desenvolvimento, seja psíquico, cognitivo ou social. O ser humano tem a necessidade de se sentir amado.
Não discuta na presença de seu filho. Resolva as questões dos adultos em outro momento ou em outro ambiente. Não humilhe seu filho, corrigindo-o em público, mas faça isso em particular. Demonstre interesse por suas atividades, histórias e sonhos. Dialogue, aconselhe, estimule!
– Cada fase da vida tem a sua particularidade
Não pule etapas: a criança precisa de brinquedos, de amigos, de atividades típicas da infância. Incentive à criatividade, brincadeiras ao ar livre, contos, etc. O adolescente atravessa uma fase de transição, ora terá comportamento infantil, ora se portará como adulto. Seja mediador e tenha paciência. Mas, importante: não perca o seu lugar de autoridade da casa e tenha equilíbrio!
– Superproteção pode gerar filhos inseguros e com baixa autoestima
Queira que o seu filho seja autônomo. Dê responsabilidade a ele desde cedo, e de acordo com a sua idade. Confie nele! Se for dar a ele a obrigação de arrumar o quarto, ensine como isso deve ser feito e confie; caso ele erre, ensine novamente, e sempre com paciência. Se você desistir e fizer por ele, não o estará ensinando a superar os limites e dificuldades tão presentes na vida.
– Incentive-o a falar sobre a vida, emoções e sentimentos
Essa confiança, anteriormente comentada, é fundamental. Deixe-o chorar em seu ombro e procure entender o motivo, conhecendo seus gostos, suas preferências, seus medos e seus sonhos. Quanto mais próximo você for dele, mais chance terá de intervir no início de um comportamento não desejado. Mas caso se torne um “estranho” a você, grande será a dificuldade para perceber ou se aproximar dele para prestar-lhe ajuda.
Ser pai e mãe é missão árdua e contínua. Educar exige tempo, amor e equilíbrio. Não permita que seu filho (a) se torne invisível: esteja atento e seja presente!
Se precisar, busque a ajuda de um especialista. Isso não é sinal de fraqueza, e sim de cuidado e de amor!