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Maria vence, Maria reina, Maria impera!

Coroação de Maria – Foto: Francisco Lecaros

 

Mons. João Clá Dias

  • Como será o Reino de Maria?

Seria enganoso pensar que os eleitos, ao partirem para o Céu, dão por encerrada sua missão na terra. Pelo contrário, a verdadeira atuação dos que se salvam inicia-se uma vez transposto o limiar da eternidade. É o que Dr. Plinio Corrêa de Oliveira denominava de post história de uma alma, ainda mais substanciosa e eficaz que sua existência terrena, embora esta possa ter sido retumbante e cheia de brilho.

À vista disso, caberia nos perguntarmos: como se verifica a materna intervenção de Nossa Senhora nos acontecimentos, após sua Assunção à morada celeste?

Para o Autor, a post história da Santíssima Virgem se divide em três grandes fases: o dilúculo, a aurora e o esplendor meridiano. A era do dilúculo transcorreu dos albores da Igreja primitiva até o zênite da Idade Média. A aurora teve início com o eclodir da Revolução, [1] nefasto processo de deterioração da Civilização Cristã que desemboca nos dias atuais, marcados pelo caos, pelo ateísmo e pela extravagância. E o esplendor meridiano começará com o triunfo do Coração Imaculado de Maria, antecedido, como tudo indica, por um castigo de proporções apocalípticas.

Cabe aqui tratar sobre a última dessas etapas, ou seja, a do reinado de Jesus Cristo por meio de sua Mãe.

  • Glorioso porvir, superior a qualquer imaginação

Para o Autor, resulta impossível transmitir o que lhe vai na alma a respeito do porvir glorioso reservado à Santa Igreja durante o Reino da Virgem Celestial. Faltam-lhe palavras para descrevê-la renovada e esfuziante de graça pela ação do Divino Espírito Santo, o qual agirá em favor dela em Maria, com Maria e por Maria.

Um trecho da profecia de Baruc oferece uma pálida ideia sobre as intuições que enchem de entusiasmo seu coração: “Tira, Jerusalém, a veste de luto e de miséria; reveste, para sempre, os adornos da glória divina. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar à terra, e sob todos os céus, teu esplendor. Eis o nome que te é dado por Deus, para todo o sempre: Paz da justiça e Esplendor do temor de Deus!” (5, 1-4).

Contudo, o plano do Altíssimo surpreenderá inclusive os espíritos de maior descortino, pois Ele “pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou entendemos” (Ef 3, 20). Qualquer imaginação sobre o triunfo do Coração de Maria e do consequente enaltecimento da Igreja não passa de simples rascunho se comparada às maravilhas que o Senhor dos Exércitos operará a fim de glorificar sua Filha predileta, sua Mãe virginal, sua Esposa imaculada.

  • Anseios que antecipam a intervenção divina

Essa sublime realidade não exclui, entretanto, outra ainda mais bela, apontada por Dr. Plinio: “À medida que os justos vão gerando a ideia de como será o Reino de Maria, ele se aproxima de nós”.[2] É próprio ao profetismo não apenas prever e anunciar, mas de alguma forma antecipar e já antegozar os fatos percebidos à distância.

Elías avista a nuvenzinha – Catedral de Autun (França) – Foto: Sergio Hollmann

Ao receber a notícia de que uma pequena nuvem, com a aparência de um punho, se levantava no horizonte, Elias divisou a chuva torrencial que cairia sobre Israel e faria reverdecer o solo tornado estéril pela implacável seca com que Deus castigara por três anos os pecados do povo. Imediatamente mandou dizer ao Rei Acab que se apressasse em retornar a seu palácio, a fim de que a chuva não o detivesse pelo caminho (cf. I Rs 18, 41-46).

Ora, para além do fenômeno físico, o profeta ígneo discerniu na nuvenzinha uma pré-figura da Virgem que traria à terra outro dilúvio, não de água mas de graça: a própria Fonte Divina da graça, que redimiria o gênero humano tornado estéril pela desobediência de nossos primeiros pais. E narra a Bem-Aventurada Ana Catarina Emmerich[3] que, escolhendo três de seus discípulos, Elias os enviou como mensageiros aos pagãos do norte e do sul, mesmo ao longínquo Egito, para anunciar-lhes que se preparassem, pois estava por chegar uma Virgem da qual nasceria o Salvador dos homens.

Esse episódio mostra que, quando certas almas são levadas pelo sopro da graça a voar no firmamento da futura exaltação de Nossa Senhora, elas devem deixar-se conduzir sem receios. Embora fiquem sempre aquém da realidade, seu anseio enlevado de ver vingada a honra da Mãe de Deus apressa a manifestação da justiça e da misericórdia divinas.

Em consequência, o Autor deseja tecer algumas considerações a respeito do porvir, baseadas nos proféticos comentários de seu mestre espiritual, Plinio Corrêa de Oliveira, para, assim, incentivar as inspirações da graça que falam no interior das almas no sentido de esperar com confiança a intervenção divina nos acontecimentos, determinando o fim do domínio revolucionário e a instauração do reinado de Jesus por Maria.

  • “As almas respirarão Maria”

Na expectativa profética de Dr. Plinio, a era marial será uma época de transmissão de dádivas celestiais inéditas: “Eu espero que Nossa Senhora nos dê dons inimagináveis, superacrescidos, tão mais belos e tão mais admiráveis que os já conhecidos, que nós nem saibamos o que dizer”.[4] Ora, para se verificar tal comunicação de graças e desígnios, a humanidade deve seguir a mesma via trilhada por Maria Santíssima: a da Sagrada Escravidão.

No Reino da Virgem os homens participarão num grau altíssimo do amor que une o Divino Espírito Santo a Nossa Senhora. Segundo a expressão de São Luís Grignion de Montfort, “as almas respirarão Maria”,[5] ou seja, sentir-se-ão alvo do incomensurável e gratuito amor d’Ela e, em decorrência, A amarão com confiança, arrebatamento e carinho. Desse afeto inefável nascerá um discernimento dos espíritos mútuo, mediante o qual contemplarão umas nas outras o aspecto específico da Mãe de Deus que estão chamadas a refletir.

No entanto, isso só se realizará através de um vínculo de escravidão espiritual estreitíssimo com a Soberana do Universo, todo feito de enlevo, veneração e ternura, bem como de disposição radical para o serviço, a obediência e o holocausto. Desse modo, toda a sociedade será elevada a um novo patamar de vida sobrenatural, cumprindo em plenitude as palavras de São Paulo: “Aquele que está em Cristo é uma nova criatura” (II Cor 5, 17). No conjunto da Opinião Pública refulgirá a imagem e semelhança de Jesus, pela Mediação Universal de Maria.

Mons. João venera a imagem de Maria Auxiliadora da Casa Thabor, em junho de 2015 – Foto: Stephen Nami

  • Reino da clemência, da piedade e da doçura

Em função dessa perspectiva, como definir o Reino de Maria?

Será o reinado da clemência, da piedade e da doçura de Nossa Senhora, a era histórica na qual o espírito d’Ela estará presente em cada criatura e seu amor cobrirá, como uma névoa alva e discreta, toda a terra. Assim como nos dias atuais se inala em qualquer parte o hálito pestilento e imundo da Revolução, caracterizado pela revolta, pelo igualitarismo e pela sensualidade desbragada, durante o Reino de Maria se respirará o suave perfume da presença e das virtudes da Rainha Celestial, quer nas almas e nos ambientes, quer nos costumes e até nas civilizações.

O grande profeta e apóstolo de Maria, São Luís Grignion de Montfort,[6] explica que Nossa Senhora engendrará nas almas dos paladinos de seu reinado uma santidade tão superior, por se tratar de uma participação em suas próprias virtudes, que eles terão, na ordem da graça, a proporção dos cedros-do-líbano em relação aos arbustos se comparados aos Santos das épocas anteriores.

A esses eleitos Ela Se mostrará e Se entregará por inteiro, como jamais o fez. Haverá um momento em que cada um dos filhos e escravos d’Ela A verá como que transfigurada diante de si e experimentará as torrentes de amor e de misericórdia que emanam de seu Coração. Tudo ficará limpo, perdoado e restaurado. O Reino de Maria, realização máxima do Reino de Cristo, estará fundado nas almas.

  • Desvendar-se-á o Segredo de Maria

Tal auge de vitalidade sobrenatural fará da Igreja e da sociedade uma imagem do Corpo Glorioso de Cristo. Substancialmente será sempre o mesmo e único Corpo Místico, mas ele estará ornado de qualidades novas, as quais lhe conferirão uma luz intensíssima. De sua parte, os homens continuarão sujeitos às más tendências instiladas pelo pecado original; todavia, é de se esperar que, na maioria dos casos, estas permanecerão submissas à razão iluminada pela fé, como resultado de uma moção extraordinária da graça concedida pela misericórdia divina.

Para lograr esse grau de santificação e renovação de sua Esposa Mística, Nosso Senhor realizará em favor da humanidade algo análogo ao sucedido com os discípulos nos dias posteriores à Páscoa da Ressurreição: lhes abrirá o espírito, para que entendam as Escrituras (cf. Lc 24, 45). Desvendar-se-á então o Segredo de Maria,[7] que consiste numa verdade conhecida, mas não inteiramente compreendida e amada. Nesse sentido, Dr. Plinio afirma:

“Eu tenho a impressão, não posso ter a certeza, de que o Segredo de Maria será uma luz nova sobre uma verdade já manifestada, mas cuja interpretação saltará aos olhos particularmente nessa época da História. Tal verdade, contida na Revelação oficial, diria respeito à própria essência de Deus e, a partir dela, às relações de Deus com Nossa Senhora, com a Igreja e com todas as almas. Em consequência, o relacionamento dos homens com o Universo – no âmbito cultural, político, social e econômico – seria condicionado a fundo por esse dado novo, sobre o qual se incidiria uma luz especial”.[8]

O Segredo de Maria não se limitará, porém, à simples assimilação de uma verdade, embora ela seja necessária uma vez que não se ama aquilo que não se conhece. A clara noção a respeito de Nossa Senhora produzirá nos corações um efeito semelhante ao experimentado pelos discípulos de Emaús ao ouvirem os ensinamentos do Divino Mestre: “Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32).

Quadro do Imaculado Coração de Maria pertencente a Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – Foto: Divulgação

Por uma ação da graça, essa cognição virá acompanhada de um acréscimo de amor, devoção e piedade para com Ela, que redundará, conforme indica Dr. Plinio, em “uma certa união de cogitações e de vias com Maria e, por Ela, com Jesus, que nós não entendemos agora como poderá ser. Trata-se de algo sublime e misterioso”.[9]

  • Dessas graças surgirá uma nova civilização

A plena revelação desse Segredo descerrará as mentes e os corações para dois aspectos específicos de Nossa Senhora. De um lado, se verificará um enorme aprofundamento na compreensão das relações d’Ela com as Três Pessoas Divinas, como mencionado acima. À luz desse convívio, o imbricamento entre as almas adquirirá tal teor que, como explica Dr. Plinio, “se estabeleceria uma espécie de paz e de tranquilidade entre os homens, dando lugar a uma nova civilização”.[10] E, de modo especial, “se inauguraria um relacionamento com os Corações de Jesus e de Maria, marcado por uma nota de intimidade que antes não havia”.[11]

Por outro lado, em virtude de um desenvolvimento teológico favorecido por graças insignes e, quiçá, por dons místicos, ficará patente a Mediação Universal de Nossa Senhora e seu papel na salvação dos homens, pondo em relevo a superexcelência da santidade d’Ela. Como corolário, far-se-á luz sobre o enigmático processo revolucionário e os falsos profetas que o sustentam, os quais envolveram em trevas a própria Igreja.

Ressalta ainda Dr. Plinio que “essa nova compreensão abriria para os homens uma tal amplitude de graças, daria um caráter tão filial e, ao mesmo tempo, tão humilde ao vínculo com Ela, que elevaria o nível da piedade dos fiéis e, a fortiori, do clero a uma altura só vagamente pressentida pelos séculos anteriores. Assim, chegado o momento da revelação do Segredo de Maria, nossas esperanças de santidade se multiplicarão por um milhão!”[12]

Nossa Senhora do Bom Sucesso – Arautos do Evangelho

Em decorrência, o bem será exaltado como nunca, e o mal execrado até as últimas consequências. À medida que essa era abençoada progrida e se acerque de seu apogeu, estarão assentadas as bases para que a honra devida ao Criador seja dada por completo e, assim, se ponha um glorioso termo à História. ◊

Notas

[1] Pode causar perplexidade o fato de se qualificar de aurora um período que se distingue pela sistemática demolição dos valores cristãos e pela decadência da própria Igreja, ferida pelos pecados de seus filhos. Entretanto, em meio às batalhas da Esposa do Cordeiro contra a Revolução gnóstica e igualitária, despontaram varões e damas cuja virtude continha uma força e um esplendor característicos e prenunciativos de uma fase histórica de requintada santidade. São Luís Maria Grignion de Montfort, por exemplo, é um Santo que transcende em muito sua época, plenamente digno da era marial por ele mesmo anunciada.

[2] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 19 dez. 1981.

[3] Cf. BEATA ANA CATARINA EMMERICH. Visiones y revelaciones completas. Madrid: Ciudadela Libros, 2012, v.II, p.316.

[4] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conversa. São Paulo, 6 jan. 1981.

[5] SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge, n.217.

[6] Cf. Idem, n.47.

[7] Em seus escritos, o São Luís Grignion se refere à escravidão de amor a Maria por ele preconizada como um segredo revelado pelo Altíssimo de uma via segura para a santidade. Mais do que em práticas piedosas, esse segredo consiste em fazer todas as coisas com Maria, em Maria, por Maria e para Maria (cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Le secret de Marie, n.1; 28).

[8] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 28 jul. 1980.

[9] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 30 ago. 1986.

[10] Idem, ibidem.

[11] Idem, ibidem.

[12] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conversa. São Paulo, 28 abr. 1987

 

Mons. João S. Clá Dias, EP; Revista Arautos do Evangelho, Ano XIX, nº 224,  Agosto de 2020)

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São Pio X, rogai por nós!

Hoje se comemora a festa de um extraordinário Papa: São Pio X (1835-1914). Vejamos o que a Liturgia das Horas nos traz a respeito de tão grande santo:

“Nasceu na aldeia de Riese, na região de Veneza (Itália), em 1835. Depois de ter desempenhado santamente o ministério sacerdotal, foi sucessivamente Bispo de Mântua, Patriarca de Veneza, e Papa, eleito no ano 1903. Adotou como lema do seu pontificado “Restaurar todas as coisas em Cristo”, ideal que de fato orientou a sua ação pontifícia, na simplicidade de espírito, pobreza e fortaleza, dando assim um novo incremento à vida cristã na Igreja. Teve também de combater energicamente contra os erros que nela se infiltravam. Morreu no dia 20 de Agosto de 1914.”

Da Constituição Apostólica Divino aflatu, de São Pio X, Papa

Compostos por divina inspiração, os salmos colecionados na Sagrada Escritura foram desde os inícios da Igreja empregados, como se sabe, não apenas para alimentar maravilhosamente a piedade dos fiéis que ofereciam sempre a Deus o sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que louvam seu nome (cf. Hb 13,15; Os 14,3); mas também, como já era costume na antiga Lei, para ocupar lugar eminente na sagrada liturgia e no ofício divino. Daí nasceu, na expressão de Basílio, “a voz da Igreja” e a salmodia. Salmodia que é “filha de sua hino dia, que sempre a Igreja canta diante do trono de Deus e do Cordeiro”, como expõe nosso predecessor Urbano VIII. Assim a Igreja ensina aos homens particularmente devotados ao culto divino, conforme as palavras de Atanásio, “de que modo se deve louvar o Senhor e com que palavras dignamente” confessá-Lo. A este respeito disse muito bem Agostinho:“Para ser bem louvado pelo homem, Deus mesmo se louvou; e, aceitando louvar-se, deu ao homem encontrar o modo de louvá-lo”.

Além disto, nos salmos há uma maravilhosa força para despertar nos corações o desejo de todas as virtudes. Pois, “embora toda a nossa Escritura, tanto a antiga quanto a nova, seja inspirada por Deus e útil para a instrução, como está escrito (cf. 2Tm 3,16), o livro dos salmos porém, semelhante a um paraíso, que contém em si os frutos dos demais livros, produz o canto, e, ainda mais, oferece seus próprios frutos unidos aos dos outros durante a salmodia”. Essas palavras são novamente de Atanásio, que acrescenta: “A mim me parece que os salmos são como um espelho para quem salmodia, onde este se contempla a si e os movimentos de seu espírito, e, assim impressionado, os recita”. Também diz Agostinho nas Confissões: “Como chorei por causa de teus hinos e cânticos, vivamente comovido pelas suaves palavras do canto de tua Igreja! As palavras fluíam em meus ouvidos e instilava-se a verdade em meu coração, fazendo arder a piedade; corriam-me as lágrimas e sentia-me bem com elas”.

Na verdade, a quem não comovem aquelas frequentes passagens dos salmos onde se canta profundamente a imensa majestade de Deus, a onipotência, a indizível justiça,a bondade ou a clemência e todos os outros infinitos louvores? A quem não inspiram iguais sentimentos as ações de graças pelos benefícios recebidos de Deus, ou as humildes e confiantes preces pelo que se deseja, ou os clamores do arrependimento dos pecados? A quem não inflama a cuidadosamente velada imagem do Cristo Redentor “cuja voz ouvia Agostinho em todos os salmos a salmodiar, a gemer, a alegrar-se na esperança ou a suspirar pela realização?”

Texto extraído do Ofício Divino, Vol. IV, páginas 1212-1214.

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Exortação a invocar Maria, a Estrela do mar!

Oração composta por São Bernardo de Claraval

E o nome da Virgem era Maria (Lc. 1, 27).

Falemos um pouco deste nome que significa, segundo se diz, Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à Virgem Mãe. … Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus méritos, radiante por seus exemplos.

Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.

Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.

Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.

Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.

Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria.

Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.

Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão d’Ela, não negligencies os exemplos de sua vida.

Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando n’Ela, evitarás todo erro.

Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.

E assim verificarás, por tua própria experiência, com quanta razão foi dito: “E o nome da Virgem era Maria”.

 

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A Igreja celebra hoje São Bernardo de Claraval, profundo devoto de Maria!

O grande São Bernardo, da família cisterciense, nasceu no Castelo de Fontaine em 1090, perto da cidade de Dijon, na França. De nobre origem, seguiu a carreira religiosa. Apesar de monge contemplativo, foi abade, eminente pregador, fundador de vários mosteiros, prior, teólogo, místico e conselheiro de importantes autoridades eclesiásticas e civis, fogoso polemista e pacificador.

Como escritor, notabilizou-se pela autoria de livros que se tornaram populares em toda a Cristandade, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos. Além de inúmeras obras, escreveu também milhares de cartas e mais de 300 sermões (e vários desses, em louvor à Virgem Maria).

Porém, baseando-nos em uma de suas mais belas frases, podemos concluir que a fonte de tantos dons, virtudes e qualidades seja a graça, através de Maria Santíssima, de quem era profundo devoto:

“Busquemos a graça, mas busquemos por intermédio de Maria! Por Ela, acha-se o que se busca e não se pode ser desatendido.”

São Bernardo de Claraval faleceu em 20 de agosto de 1153, sendo canonizado em 1174. Para honra e glória do orbe católico, foi declarado doutor da Igreja em 1830.

*Texto originalmente publicado em Apostolado do Oratório, a 20 de agosto de 2013.

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Assumpta est Maria, gaudent angeli!

Madonna del Transito – Santa Maria Maggiore, Roma.


Quando ascendeu ao Céu, Maria pôde contemplar os coros angélicos e a multidão de bem-aventurados que A receberam em festa. Considerações de Dr. Plinio, manifestando seu encanto com a Assunção de Nossa Senhora.


Devoção às alegrias de Nossa Senhora

Dr. Plinio no fim dos anos 80

Era costume entre os antigos reportar-se às alegrias da Santíssima Virgem. Essa era uma devoção bastante difundida, a

ponto de um dos santuários marianos mais famosos do Brasil, o de Guararapes, em Pernambuco, ser dedicado a Nossa Senhora dos Prazeres.

Na vida de Nossa Senhora notamos inúmeros movimentos de alegria. O mais insigne deles é evidentemente o Magnificat.

Porém, nenhuma das alegrias que a Santíssima Virgem teve nesta vida foi tão grande quanto à da sua Assunção.

Após a dormitio, Maria ressuscitou no apogeu de seu estado físico, mas também no auge de sua vida espiritual, pois a maturidade do corpo e a maturidade da alma se relacionam.

No dia de sua Assunção, Nossa Senhora estava na plenitude da santidade. Sua alma santíssima, que não deixou de progredir um minuto sequer durante toda a sua existência terrena, tinha chegado ao clímax. A Virgem Maria chegara à suprema perfeição. Possuía incomparável beleza de alma, pois estava repleta de virtude; seu amor a Deus atingira o apogeu. Essa santidade transluzia em toda a sua pessoa e Lhe dava uma beleza incomparável.

 

Entrada de Maria no Céu

Podemos imaginar sua alegria, sabendo que, a partir daquele momento, entraria no Céu com corpo e alma. Passaria por um cortejo incontável de Anjos, que prestariam a Ela homenagens como nunca nenhuma rainha deste mundo, nem de longe, recebeu. E Ela compreendia a natureza de cada Anjo, sua luz primordial_, a graça recebida por cada um, seu amor a Deus, e o amor de Deus para com cada um deles. Maria Santíssima tinha o conhecimento perfeito da hiperdulia que as miríades de Anjos Lhe prestariam. E Ela, tendo uma alegria completa por cada um desses louvores, sabia que os merecia, porque tinha sido a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo e seu espelho fidelíssimo.

Imaginemos que um Anjo da Guarda aparecesse para um de nós e dissesse: “Meu filho dileto, você é extraordinário! Sobre você pousam todas as minhas complacências. Você é inteiramente digno de minha benevolência.” Esta pessoa teria grande tentação de vaidade. Um elogio desses, feito por uma natureza angélica, imensamente maior do que a nossa, é algo inebriante…

Sendo mera criatura humana, Nossa Senhora estava recebendo o amor entusiástico de todos os Anjos, e a corte que durante milhares de anos tinha esperado sua Rainha ficou transformada em algo lindíssimo, porque Ela estava chegando. A beleza do mundo angélico não atingira toda a formosura para a qual fora criado, porque era preciso que uma criatura humana o governasse. Nossa Senhora coroava com uma perfeição altíssima a beleza do Céu.

Certamente, Ela deve ter se encontrado com as almas santas que tinham subido ao Céu após a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, e sem dúvida encontrou-se com São José, com quem permutou uma saudação cheia de respeito e afeto sobre a qual nem sequer podemos ter ideia. Como deverá ter sido a alegria da alma de São José ao rever Nossa Senhora?

 

Beleza do transluzimento da santidade em Nossa Senhora

Coroação da Santíssima Virgem – Catedral de Siena, Itália.

Maria Santíssima crescia continuamente em graça e santidade, por isso, quando chegou a hora de sua morte, Ela era muito mais santa do que quando São José morreu. Quando ele A viu ressurrecta, repleta de toda a santidade que deveria atingir segundo os planos de Deus — e que de fato Ela atingiu —, notou que a santidade transluzia em toda a sua pessoa com uma beleza incomparável. Com que veneração São José, afinal, via Nossa Senhora em corpo e alma, cujo esplendor era ainda maior do que Ela possuía na Terra!

São Joaquim e Santa Ana, sendo pais de Nossa Senhora, devem certamente ter tido o privilégio de assistirem, a partir de um lugar de destaque, o ingresso d’Ela no Céu. Sabemos que os pais têm uma propensão natural por seus filhos, sobretudo quando são excelentes pais. Afinal, era justo que, tendo dado Maria Santíssima ao gênero humano, assistissem de um lugar especial a sua entrada no Céu.

Adão e Eva, os primeiros pais do gênero humano, deveriam estar ali presentes. Depois de verem tantas desgraças causadas por seu pecado, puderam contemplar o remédio concedido por Deus para solucionar esse pecado, fazendo nascer Nosso Senhor Jesus Cristo e glorificando de tal maneira a Mãe Imaculada do Redentor. Podemos ainda imaginar o desfile maravilhoso das almas eleitas e dos Anjos que A receberam no Céu, por assim dizer gradualmente, num como que desfile esplêndido, cantando hinos de glória. E, afinal, todo o paraíso celeste pondo-se a cantar, enquanto Ela sobe até o trono da Santíssima Trindade.

Por fim, a Assunção chega ao seu auge: a coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Anjos e dos Santos, do Céu e da Terra, pela Santíssima Trindade. Houve então uma verdadeira festa no Céu. Não é uma hipérbole, mas uma festa autêntica, em termos e modos que não podemos imaginar. Foi o mais alto grau de alegria que possa haver. Ela foi coroada por ser Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filha do Padre Eterno e Esposa do Divino Espírito Santo.

 

(Extraído de conferências de 15/8/1966 e 1/11/1975)


1) A morte d’Ela foi tão leve que se compara a uma dormição.

2) Dr. Plinio assim designava o conjunto de virtudes ou atributos divinos que cada Anjo, ou cada alma, é especialmente chamado a conhecer e amar.


* Texto publicado originalmente no site Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, em 1º de Agosto de 2009: http://drplinio.com/2009/08/assumpta-est-maria-gaudent-angeli/

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Live: Profecias sobre os Últimos Tempos

Imperdível – Profecias sobre os Últimos Tempos, em 3 lives com o Pe. Thiago Geraldo – Arautos do Evangelho
* Data: 10, 12 e 14 de Agosto;
* Horário: às 19h30;
“Fátima, La Salette, Nossa Senhora do Bom Sucesso, Padre Pio, São Luís Grignion de Montfort”
“Conheça os avisos de Deus e de Maria Santíssima ao Mundo, para os Últimos Tempos”
O que a doutrina Católica ensina, o que os Santos souberam e pregaram!
Você quer estar preparado quando chegar a hora?
Inscreva-se: https://hotm.art/fim