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São Domingos de Gusmão e a origem do Santo Rosário

 

Acervo Revista Arautos do Evangelho

São Domingos de Gusmão, cuja festa hoje celebramos, foi o varão escolhido por Deus para a insigne graça de receber o Santo Rosário das mãos da Virgem Santíssima.

O fato se deu em 1214, na França, na cidade de Toulouse, quando o santo orava e fazia penitência pelos pecados dos homens, obstáculo para a conversão dos albigenses. Domingos passou três dias e três noites rezando e macerando o seu corpo com o objetivo de aplacar a cólera divina. Quando parecia morto pelas disciplinas, Nossa Senhora lhe apareceu acompanhada de três princesas celestes. Com sua voz materna, disse-lhe:

– “Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?”

– Ó Senhora, respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.

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Disse-lhe Maria Santíssima:

– “Sabei que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério”.

Após a aparição, São Domingos entrou na Catedral de Toulouse, enquanto os sinos tocavam sem intervenção humana, para reunir os fiéis.

Quando o santo começou a pregar, uma espantosa tormenta desatou, houve tremor de terra, o sol se velou, ouviam-se terríveis trovões e relâmpagos. Uma imagem da Virgem levantou três vezes os braços para pedir a Deus justiça para aqueles que não se arrependessem e recorressem à Sua proteção.

São Domingos orou e, por fim, cessou a tormenta. Pôde ele, então, continuar sua pregação, e com tal zelo e fogo, que os habitantes da cidade abraçaram quase todos a devoção ao Santo Rosário. Em pouco tempo, viu-se uma substancial mudança na vida das pessoas.

São Domingos de Gusmão fez desta fundamental prática de devoção mariana um eficaz instrumento para suas próprias necessidades, e usou-a com enorme fruto enquanto método de pregação.

Os benefícios do Rosário de tal forma enriqueceram a vida da Igreja, que Papas, Santos e Doutores incentivaram a sua prática com especial empenho. Abaixo transcrevemos alguns comentários:

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– São Pio X, Papa:

“O Rosário é a mais bela de todas as orações, a mais rica em graças e a que mais agrada a Santíssima Virgem”.

– Santa Rosa de Lima:

“O Rosário contém todo o mérito da oração vocal e toda a virtude da oração mental”.

– Santa Teresa de Jesus, Doutora da Igreja:

“No Rosário encontrei os atrativos mais doces, mais suaves, mais eficazes e mais poderosos para me unir a Deus”.

– Santo Afonso de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja, Fundador dos Redentoristas:

“O Rosário é a homenagem mais agradável à Mãe de Deus”.

“Temeria a minha própria salvação se ficasse um só dia sem recitar o Santo Rosário”.

– São Pio V, Papa:

Terciários dos Arautos, rezando o Santo Rosário

“O Rosário incendiou os fiéis de amor, e deu-lhes nova vida”.

– Santo Antônio Maria Claret, Fundador dos Claretianos:

“Felizes as pessoas que rezam bem o santo Rosário, porque Maria lhes obterá graças na vida, graças na hora da morte e glória no Céu. Nunca será considerado um bom cristão, quem não reza o  Rosário”.

– São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja:

“O Rosário é a melhor devoção do povo cristão”.

– São Carlos Borromeu:

“O Rosário é a mais divina das devoções”.

 

*Texto extraído de Apostolado do Oratório – Arautos do Evangelho, publicado originalmente a 7 de outubro de 2013, com pequenas adaptações.

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A Transfiguração de Nosso Senhor

Acervo Revista Arautos


A transfiguração do Senhor não foi somente para fortalecer na fé os apóstolos, mas todos os fiéis, incluindo cada um de nós, até o fim do mundo!


Mons. João Clá Dias

A transfiguração do Senhor nos leva a refletir sobre um dos principais mistérios de nossa Fé: a Encarnação do Verbo. Com efeito, quem poderia excogitar a possibilidade de uma das Pessoas da Santíssima Trindade unir sua natureza divina à humana, e – sem deixar de ser verdadeiro Deus – se tornar também verdadeiro Homem? Nunca, pelo simples raciocínio, nenhum homem – e nem mesmo algum Anjo – conceberia tal conúbio entre Criador e criatura. Para conhecermos esse belo e atraente mistério, era necessário que o próprio Deus no-lo revelasse.

Ademais, são inúmeros os episódios do Evangelho nos quais transparece a natureza humana de Jesus: o ter de fugir para o Egito, levado por Maria e José, a fim de poupar-se da espada de Herodes; o trabalhar como humilde carpinteiro, até os 30 anos de idade, evitando chamar a atenção do povo; o fazer penitência durante 40 dias no deserto, suportando as agruras de um terrível jejum; o verter sangue no Jardim das Oliveiras, em meio ao temor e à angústia ante a Paixão; o externar fraqueza física durante sua flagelação e enquanto carregava a cruz ao alto do Calvário. Por fim, a sua morte, como a de qualquer ser humano, e no pior dos suplícios.

Sem uma especial assistência da graça, seria inevitável para qualquer um, ao ouvir a narração desses fatos, concluir que Jesus não passava de uma mera criatura humana.

Verdadeiro Deus

Por isso, o Unigênito Filho de Deus, para sustentar nossa fé, tornou patente sua origem eterna e incriada em muitos outros fatos e circunstâncias: a anunciação à Santíssima Virgem por meio de um Arcanjo; o aviso a São José, em sonhos, da concepção virginal de Maria; a aparição de uma multidão de anjos aos pastores, perto da gruta de Belém, para lhes anunciar o nascimento de Jesus; a moção sobrenatural no interior dos Santos Reis Magos, sobre a providencialidade daquele Menino. Sobretudo foi categórica sua glorificação, efetuada pelo Pai e pelo Espírito Santo, no momento do batismo no Jordão.

O próprio Salvador, ao afirmar “quem crê em Mim tem a vida eterna” (Jo 6, 47), não fazia referência à sua natureza humana, mas sim à sua divindade. A multiplicação dos milagres, cujo auge foi a ressurreição de Lázaro, tornou a todos evidente o pleno poder de Jesus sobre a natureza.

Apesar dessas – e de tantas outras – manifestações serem mais que suficientes para levar os homens ao ato de fé na divindade de Nosso Senhor, apareceram heresiarcas a negá-la, já no começo do cristianismo. Aliás, uma das razões pelas quais São João, o discípulo amado, escreveu seu Evangelho, entre os anos 80 e 100 de nossa era, foi para reafirmar ser Jesus verdadeiro Deus. E o conjunto dos Evangelhos, procurando sublinhar a mesma verdade, por mais de cinquenta vezes dá-Lhe o título de Filho de Deus.

É necessário ter essas considerações em vista, para melhor analisarmos e compreendermos a Transfiguração do Senhor.

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Conveniência da Transfiguração do Senhor

Jesus poderia ter descido à Terra acompanhado de legiões de anjos, e manifestado em todo o esplendor sua infinita grandeza divina. Contudo não agiu assim. Revelou-nos sua natureza incriada de forma progressiva, e aos poucos foi se tornando mais categórico.

Um ensino puramente doutrinário não é capaz de, por si só, mover o homem a transformar sua vida. Um antigo adágio ilustra esta verdade de modo lapidar: “As palavras comovem, os exemplos arrastam”. Sobretudo quando o exemplo é íntegro e esplendoroso na verdade e no bem, tem ele uma força tal que age sobre as tendências da alma, convidando a um certo caminho – e às vezes impondo-o.

Ao tratar da Transfiguração de Jesus, assim se exprime São Tomás de Aquino sobre essa necessidade muito própria à criatura humana: “Para trilharmos bem um caminho, é necessário termos um conhecimento prévio do fim. Assim, o arqueiro não lança com acerto a seta, senão mirando primeiro o alvo que deve alcançar. (…) E isso sobretudo é necessário, quando o caminho é difícil e áspero, a jornada laboriosa, mas belo o fim” (3, q.45, a.1, c).

Fulgor transfiguração do Senhor para suportar as agruras do Calvário

No mesmo tópico acima citado, São Tomás de Aquino continua a esclarecer, com sua genialidade habitual e sapiencial clareza:

“O Senhor, depois de haver anunciado a sua Paixão aos discípulos, con­vidou-os a Lhe imitarem o exemplo. (…) Ora, o fim de Cristo, na sua Paixão, era alcançar não somente a glória da alma, que tinha desde o princípio da sua concepção, mas também a do corpo (…). E a essa glória também conduz os que imitam seu exemplo da Paixão, segundo diz a Escritura: Por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. Por isso era conveniente que manifestasse aos seus discípulos a sua claridade luminosa; e tal é a Transfiguração, que também concederá aos seus, segundo diz o Apóstolo -São Paulo: Reformará o nosso corpo abatido para o fazer conforme o seu corpo glorioso. Donde dizer São Beda: foi consequência de uma pia providência que, tendo gozado por breve tempo da contemplação da felicidade eterna, tolerassem mais fortemente as adversidades” (3, q. 45, a. 1, c).

A Transfiguração do Senhor foi uma excepcional graça mística concedida aos três apóstolos escolhidos, no alto do Tabor. Sua recordação ficou como uma fonte de sólida confiança, que lhes permitiu suportar os maiores sofrimentos, pois, assistindo a ela, tiveram um vislumbre da luz plena e refulgente da eternidade.

Graças místicas

A Transfiguração de Jesus fortificou as virtudes da fé e da caridade nos Apóstolos. Enquanto a fé nos faz crer na divindade de Cristo e em suas promessas, a caridade nos conduz a uma entranhada união com Deus. São duas virtudes extremamente interdependentes. Sem a fé na esplendorosa vida eterna que nos espera, a caridade tende a desaparecer.

Mas, se a fé e a caridade dos apóstolos tanto lucraram com a Transfiguração do Senhor, não haverá algo, nessa mesma linha, que poderá auxiliar a vida espiritual de cada um de nós?

A resposta é inteiramente positiva. Deus derrama graças místicas sobre todos os que trilham as vias da salvação, em intensidade maior ou menor, segundo o caso. Mas ninguém está excluído de recebê-las. É claro que tais graças místicas não isentam ninguém de realizar os esforços próprios à prática das virtudes.

Uma transfiguração do Senhor em nossos corações

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É fora de dúvida, pois, que Deus concede “Tabores”, ou seja, graças místicas, a cada um de nós.

Quem não terá sentido, alguma vez, uma alegria interior, um palpitar do coração, uma emoção calma mas profunda, ao assistir a uma bela cerimônia? Ao apreciar o canto gregoriano, por exemplo? Ou ao contemplar alguma imagem? Quiçá ao ver um lindo vitral banhado de luz, dentro de uma igreja silenciosa, que deixa lá fora os ruídos do mundo? São mil ocasiões em que a graça sensível nos visita, e nos concede contemplações interiores, prédegustações da felicidade perfeita que nos espera no Céu.

Dois Doutores da Igreja, Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz, mestres da vida espiritual, dizem que a Providência costuma conceder aos principiantes, graças místicas que depois irão experimentar novamente só no fim de suas vidas. Tal proceder divino visa for­talecer essas almas para atravessarem os períodos de aridez. É um modo comum de Deus agir: dá-nos consolações – o Tabor – para, quando vier a hora do Getsêmani, termos forças, sabendo que o fim será mais cheio de alegria e esperança.

São graças que nos animam a enfrentar os sacrifícios desta vida. Trata-se de experiências místicas que nos tornam patente quanto Jesus nos ama e quer nossa eterna glória.

Assim, ao longo de nossa existência terrena, já iremos experimentando um pouco das delícias eternas, e as tendas tão desejadas por São Pedro sobre o monte da transfiguração, Jesus as irá levantando no “Tabor” de nossos corações. Para tal, Ele exige de nós apenas uma condição: que não Lhe coloquemos obstáculos.

(Mons. João S. Clá Dias, EP; Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2002, n. 8, p. 10)

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Conseguimos ver a Deus?

O Santo Cura d’Ars dando catequese – Basílica de Luján (Argentina) – Foto: Conrad Fernandes

 

Autor: Douglas Wenner

Será possível para nós, pobres mortais, ainda nesta vida, vermos a Deus? Alguns talvez respondam que sim, assegurando que O veem todos os dias: seja através de uma linda paisagem, ao ouvir uma bela pregação, ou por meio de uma palavra amiga que os console em meio a terríveis provações… Mas, afinal, conseguimos ver a Deus?

Houve um grande felizardo que, sem titubear em sua afirmação, deixou marcada para a história um belo e inesquecível relato: “Eu vi a Deus num homem”! Terá sido um bom filho que, ao exaltar as qualidades de seu progenitor, não encontrou outras palavras senão elevar à categoria divina o seu próprio pai? Objetariam alguns que não, pois julgariam tal atitude como demasiada manifestação de amor filial. Ou foi ele um religioso, mencionando a primeira vez que viu o seu Fundador? Bem poderia ser, pois não é sem razão que assim se dirigia São Francisco Xavier a Santo Inácio de Loyola, seu Pai e Fundador, tratando-o de “Meu Deus na terra”. Mas, afinal, conseguimos ver a Deus? Quem poderia dizer: “Eu via a Deus num homem”…?

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, ‘Eu sou Aquele que É’, ou ‘Eu sou Aquele que Sou’, ou também ‘Eu sou Quem Sou’, Deus declara quem Ele é, e com que nome se deve chamá-Lo” (CIC, 206, p.65). Ora, se Ele é Aquele que É, como não poderia ser visto? Estejamos certos de que podemos ver a Deus. Mas de que modo? Também o Catecismo, baseando-se em Santo Agostinho e no Doutor Angélico, São Tomás de Aquino, nos exorta: “Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus, o homem que procura a Deus descobre certas ‘vias’ para ascender ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de ‘provas da existência de Deus’, não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de ‘argumentos convergentes e convincentes’ que permitem chegar a verdadeiras certezas” (CIC, 31, p.23). Quiçá por isso, nosso ‘grande felizardo’ afirmou: ‘Eu vi a Deus num homem!’ Mas quem foi ele?

Trata-se de um célebre advogado de Paris, o qual ao se encontrar com um amigo, foi interpelado por este a respeito de para

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onde viajaria naquele momento. Ao ouvir como resposta que o destino se tratava da simples e pacata cidade de Ars, no interior da França, o tal amigo indagou:

– Mas, o que você vai fazer em Ars? O que pode haver de interessante em Ars?

– Fiquei sabendo que lá existe um padre muito virtuoso, e quero, pois, conhecê-lo. Quando voltar, saiba que lho direi.

O advogado foi a Ars, e após regressar a Paris e reencontrar seu cético amigo, disse a ele admirado: “Eu vi a Deus num homem!” Tratava-se de São João Maria Vianney (1786-1859), o Santo Cura d’Ars, cuja festa hoje comemoramos. Tamanha era sua virtude que de diversas partes, não só da Filha Primogênita da Igreja como de diversos outros lugares, acorriam numerosas multidões para verem a Deus num homem. De suprema inteligência e oratória? Não era ele muito dotado de predicados naturais… Mas, quanto aos sobrenaturais, possuía uma alma tão munida da Sabedoria Divina que, por meio de um exuberante dom do Discernimento dos Espíritos que possuía, era capaz de ler o interior mais profundo das almas. Prova disso é que, não raras vezes, apontava ao fiel os pecados que ainda restavam a ser declinados ao longo do sacramento da reconciliação.

De vida acética e penitente, o Santo Cura d’Ars quase não comia e pouco se descansava, se é que dormia… Certa vez, em meio às costumeiras dezoito horas que reservava para atender aos fiéis em confissão, foi até os seus humildes aposentos para colocar ao fogo algumas batatas. Depois de algum tempo, voltou lá para ver se já estava pronta a sua refeição. Ocorreu que, mais de uma vez, misteriosamente encontrou carne na panela, e não as batatas cozidas. Enfim, ao perceber se tratar de uma maléfica artimanha do infernal inimigo, resolveu fazer jejum naquela noite, dado que era sexta-feira, dia de abstinência. Fruto de sua sublime humildade, mais um louro estava assim fixado em sua futura coroa de glória!

Casa de São Cura d’Ars – frwikipedia

Muitos poderiam ser os fatos aqui narrados de tão precioso “tesouro” de nossa Santa Igreja, aquele que por ela recebeu o título de Padroeiro dos Sacerdotes. Ressaltemos que não é pouca coisa, pois levando em consideração a grandeza do estado clerical, sobre o qual nos ensina Santo Agostinho, Santo Anselmo, entre outros, ser superior ao estado dos próprios anjos, receber este epíteto de Padroeiro dos Sacerdotes nos faz reconhecer o quanto agrada a Deus aquele que abraça e trilha além das vias clericais, as vias da santidade.

Eis porque, inequivocamente, podem afirmar os que estiveram diante de um santo, ‘Eu vi a Deus num homem!’ Vi, como outrora Moisés pela sarça ardente, Aquele que É. Vi pelos exemplos ardorosos de sua alma, pelas labaredas de suas virtudes, por sua abnegação e entrega, pelo esquecimento de si mesmo ao pleníssimo amor e serviço a Deus! Para aqueles que têm essa ventura, não há dúvidas que possam obscurecer a “voz misteriosa da graça que fala no interior dos corações”.

Entretanto, há um ponto muito sério a considerar:  Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5,8). Infelizmente, em contrapartida, muitos são os que não conseguem ver a Deus, por não terem puro o coração… Por mais que o Cura d’Ars fosse santo, era necessário ao menos a reta intenção de ser puro, e também de ser santo, para assim poder vê-lo, e Deus nele.

Tenhamos a esperança fortalecida pela fé para sermos santos a exemplo de São Cura d’Ars. Peçamos isso a Nossa Celeste Advogada, Medianeira de Todas as Graças, rogando especialmente pelo clero e por todos os fiéis. E fazendo uso das próprias palavras de São João Maria Vianney, voltemo-nos a Nossa Senhora com grande confiança e tenhamos a certeza de que, por mais miseráveis ​​que possamos ser, Ela obterá para nós a graça da conversão”.

Corpo incorrupto de São João Maria Vianney no Santuário Cura d’Ars, França – Vatican News

 

Catecismo da Igreja Católica. 11.ed. São Paulo: Loyola, 2001.

Le Curé D’Ars, VIe de Jean Baptiste Marie Vianney. L’Abbé Alfred Monnin. Paris: Charles Douniol Libraire Éditeur, 1861. 539p.

Thomas de Saint-Laurent. O livro da Confiança. São Paulo: Ed. Retornarei. 2019. 93p.

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Santo Afonso Maria de Ligório nos ensina: a oração é mais forte do que todos os inimigos

Santo Afonso diante do Santíssimo Sacramento Catedral da Assunção – Carlow (Irlanda) – Foto: Andreas F. Borchert (CC by-sa 3.0)

Como são preciosas a Deus as nossas orações!

São tão preciosas a Deus as nossas orações que Ele destinou os Anjos para Lhe apresentarem imediatamente as que estamos fazendo. “Os Anjos, diz Santo Hilário, presidem as orações dos fiéis e diariamente as oferecem a Deus”. É este exatamente aquele sagrado incenso, isto é, as orações dos santos que São João viu subir ao Senhor, oferecido pelas mãos dos Anjos. Escreveu o mesmo Santo Apóstolo que as orações dos Santos são como redomas de ouro, cheias de suave perfume e muito agradáveis a Deus.

Santo Afonso diante da Virgem – Acervo Arautos

Mas, para melhor compreendermos quanto valem junto de Deus as nossas orações, basta ler nas divinas Escrituras as inumeráveis promessas que Deus faz a quem reza, quer no Antigo, quer no Novo Testamento. “Chama por Mim, e Eu te ouvirei” (Jr 33, 3). “Invoca-Me e Eu te livrarei” (Sl 49, q5). “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7, 7). “Vosso Pai que está nos Céus dará bens aos que lhe pedirem” (Mt 7, 11). “Todo aquele que pede, recebe; todo o que busca, acha” (Lc 11, 10). “Qualquer coisa que pedirem, ser-lhes-á concedida por Meu Pai que está nos Céus” (Mt 18, 19). “Tudo o que pedirdes orando, crede que haveis de receber e que assim vos sucederá” (Mc 11, 24). “Se Me pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu vos darei” (Jo 14, 14). “Pedi tudo o que quiserdes e vos será concedido” (Jo 15, 7). “Em verdade Eu vos digo: se pedirdes a meu Pai alguma coisa em Meu nome, Ele vô-lo dará! (Jo 16, 23). Existem muitos outros textos semelhantes, os quais deixamos de citar por brevidade.

Sem oração não há vitória

Deus quer nos salvar. Entretanto, quer nos salvar como vencedores. Estamos, pois, nesta vida. Achamo-nos em uma guerra contínua, e para nos salvar, temos de combater e vencer. “Sem ter vencido, ninguém poderá ser coroado”, diz São João Crisóstomo. Somos muito fracos e os inimigos, numerosos e fortes. Como enfrentá-los e vencê-los? Tenhamos coragem e digamos com o Apóstolo: “Tudo posso n’Aquele que me conforta” (Fl 4, 13). Tudo poderemos com a oração, por meio da qual Deus nos dará o que não temos. Escreveu Teodoreto que a oração é toda poderosa. Ela é uma; entretanto, pode nos obter todas as coisas: “A oração, sendo uma em si, pode tudo”. E São Boaventura afirma que, pela oração, se obtém todos os bens e a libertação de todos os males.

Os restos mortais de Santo Afonso Maria de Ligório são venerados na Basílica que leva seu nome, em Pagani (Itália) – Foto: Alain Patrick

Dizia São Lourenço Justiniano que, pela oração, construímos uma torre fortíssima, onde estaremos livres e seguros de todas as insídias e violências dos inimigos. São fortes as potências do inferno, entretanto, a oração é mais forte do que todos os demônios, diz São Bernardo e com razão, pois com a oração a alma consegue o auxílio divino, diante do qual desaparece todo o poder das criaturas. Assim animava-se Davi em seus desfalecimentos: “Invocarei o Senhor, Louvando-O; e livre serei de meus inimigos” (Sl 17, 4). Em resumo, diz São João Crisóstomo: “a oração é uma grande armadura, uma defesa, um porto, um tesouro”. A oração é uma valiosa arma para vencer os assaltos dos demônios; é uma defesa, que nos conserva em todos os perigos; é um porto seguro contra toda tempestade; é um tesouro, que nos provê de todos os bens. 

*SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. A oração, o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. 19.ed. Aparecida: Santuário, 1987, p.43-45.

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Uma conversão assumida com extraordinário vigor de espírito, a santidade abraçada e levada às suas últimas consequências

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Trabalhar ou rezar?


“Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”. (Lc 10, 41-42) 


Autor: Douglas Wenner

Comemora-se hoje o dia de Santa Marta, irmã de Santa Maria Madalena e de São Lázaro, o maior amigo de Jesus, o que fora ressuscitado após quatro dias de sua morte, e por quem o Mestre derramou suas lágrimas divinas, as quais cravejaram o leito desta terra, podendo bem ser consideradas mais preciosas que quaisquer diamantes que possam existir.

Não raras vezes, tem-se o costume de denominar de “Marta” alguém que tenha grande aptidão para o trabalho, reservando a via contemplativa para “Maria”. Isso porque, nas Sagradas Escrituras, encontramos a narração do episódio em que Nosso Senhor estava visitando tal família, e enquanto Marta se encontrava absorta nos afazeres da casa, Maria se embebia ininterruptamente das graças emanadas do convívio com o Redentor. Semelhante a essa cena, é possível ouvirmos alguém dizer: “Não posso lhe ajudar agora, pois agora preciso rezar…”. Ou por outro modo, pode sair dos lábios de alguém: “Não tenho tempo para rezar, pois trabalho demais…” Vida contemplativa? Vida ativa? Eis a questão…

Obviamente, devemos sempre realizar algum trabalho, dado ser indiscutível que o labor dignifica o homem. A esse respeito, nos adverte o Apóstolo em sua Carta aos Tessalonicenses que, “quem não quer trabalhar, também não deve comer.” (2Ts – 3,10) Mas também argumentamos pela égide de São Mateus, que “Nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus(Mt, 4-4). Destarte, por mais justificável que possa parecer o motivo, estará alguém dispensado do trabalho ou da oração? O que é mais recomendável fazer, trabalhar ou rezar?

Nesse sentido, explica-nos o Mons. João Clá Dias, Fundador dos Arautos do Evangelho:  “O Divino Mestre diz que Maria escolheu a melhor parte [a contemplação], mas não afirma ter ela agido impelida pelo amor perfeito.”(1)

Contudo, somos chamados a dar a Deus a perfeição de nosso amor, o que temos de melhor: as duas partes, ou seja, tudo! Esse tudo deve abranger todos os nossos pensamentos, palavras e ações, e também nossos desejos, os quais devem ser santos e ousados, visando sempre o perfeito louvor a Deus, seja nos momentos mais corriqueiros do dia quanto nos mais sublimes, fazendo de todos os nossos atos, um louvor contínuo ao Criador.

Também São Bento, o grande Patriarca da Europa, responsável pela expansão da vida contemplativa nesse continente, cujos discípulos muito trabalharam, há séculos já tratara sobre esse tema, deixando claro em sua Regra: “Ora et Labora” (Rezai e trabalhai).(2) Eis a via pela qual devemos caminhar, seguindo ora os passos orantes, ora os laborais, em ambos buscando a maior glória de Deus!

Concorde a isso, também nos ensina Mons. João: “Devemos imitar as duas irmãs. Fazer todos os atos cotidianos com o amor de Maria; mas, como Marta, cumprir nossas obrigações de modo exímio. Porque a vida dos homens tem momentos de ação e de contemplação e, tanto em uns quanto em outros, é preciso ser ‘perfeito como o Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48)”. (3)

Sejamos ao mesmo tempo Marta e Maria! E fazendo um trocadilho entre esses dois nomes, bem poderíamos dizer “Martíria”, ou seja, martírio! Semelhante à disposição de um mártir, testemunha de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Igreja, entreguemo-nos ao serviço de Deus por inteiro e sem reservas. Isso exigirá de nós não pequeno esforço… Mas, sabendo que a isso somos chamados, confiemos que o auxílio sobrenatural de Nossa Senhora, Rainha dos Mártires, Mãe do Divino e Belo Amor, não nos faltará! Ela foi quem sempre deu tudo. Como a Serva do Senhor, e Mãe nossa, tenhamos a certeza de que seu amparo estará constantemente a nosso dispor!

 

 (1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 236.

(2) São Gregório Magno – Papa. Vida e Milagres de São Bento. Ed. Artpress. 8ª Ed.

(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 238.

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