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MARIA, O PARAÍSO DE JESUS

O leitor parou algum dia para refletir sobre as maravilhas com que o Criador ornou o Paraíso Terrestre? Nossos primeiros pais, postos nesse paraíso de delícias conforme narrado no Gênesis, viviam num estado de santidade e de justiça originais, na amizade com o Criador da qual provinha sua felicidade.[1] Que coisa extraordinária o Paraíso terrestre dado a Adão! Houve, porém, o pecado original, e, consequentemente, Adão e Eva perderam a familiaridade com Deus e foram expulsos do Éden.

Exceção feita do Paraíso Celeste, poder-se-ia imaginar lugar e estado mais feliz do que aquele dado por Deus aos nossos primeiros pais antes da prova?

De maneira imediata seríamos inclinados a dizer: não! Porém, em consonância com o espírito e o Magistério da Igreja e o ensino dos Santos, podemos responder: Sim. Houve um Paraíso incomparavelmente mais belo do que o Éden de Adão.

Mas qual será este Paraíso? E quem habitou este Paraíso?

O Evangelho de São Lucas, ao narrar a Anunciação, traz-nos luzes esplendorosas que indicam este verdadeiro e mais magnífico Paraíso Terrestre e Quem nele habitou. “Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra’.[2]

São Luís Grignion de Montfort, com base no mistério da Anunciação e Encarnação do Verbo, conclui: “A Santíssima Virgem é o verdadeiro Paraíso Terrestre do novo Adão, de que o antigo Paraíso Terrestre é apenas a figura. Há, portanto, neste paraíso terrestre, riquezas, belezas, raridades e doçuras inexplicáveis, que o novo Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Neste paraíso Ele pôs suas complacências durante nove meses, aí operou suas maravilhas e aí acumulou riquezas com a magnificência de um Deus. Este lugar santíssimo é formado de uma terra virgem e imaculada, da qual se formou e nutriu o novo Adão, sem a menor mancha ou nódoa, por operação do Espírito Santo que aí habita. É neste paraíso terrestre que está em verdade a árvore da vida que produziu Jesus Cristo, o fruto da vida […]”.[3]

Com devoção e sabedoria, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comenta este trecho do Tratado da Verdadeira Devoção:

Ao pronunciar seu ‘fiat’ para a Encarnação do Verbo, Nossa Senhora concebeu do Espírito Santo e passou a formar em suas imaculadas entranhas o Filho de Deus. A geração da humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo deve ter sido admirável, a maravilha das gerações!

Jesus é considerado o novo Adão, que veio ao mundo para reparar o pecado cometido pelo primeiro homem. Ora, assim como este, enquanto permaneceu inocente, viveu em meio aos esplendores do Éden Terrestre, também Nosso Senhor teve seu Paraíso, incomparavelmente melhor e mais precioso do que aquele: o claustro virginal de sua Mãe.

Sim, Jesus se achava em estado paradisíaco durante nove meses que passou no interior de Nossa Senhora, como num tabernáculo perfeitíssimo, onde encontrava alegrias, belezas, delícias de que eram pálidos símbolos as conhecidas por Adão. […] Além disso… Nesse indizível convívio, Jesus elevava a alma de Maria a um inimaginável grau de formosura, tornando-a mais bela e luminosa do que todo o resto do universo![4]

Felizes nós que, embora degredados filhos de Eva por causa do pecado original, somos convidados pelo novo Adão, a misticamente morar neste seu Paraíso espiritual mais belo que o Éden, a exemplo de Jesus, por meio da sagrada escravidão de amor à Santíssima Virgem Maria, conforme nos ensina São Luis Maria Grignion de Montfort.

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[1] Catecismo da Igreja Católica, n. 374-378

[2] Lc 1, 38a.

[3] São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 261.

[4] Plinio Corrêa de Oliveira, Revista Dr. Plinio, março de 1999, pag. 36.

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