By

Como um astro luminoso

Autor – Douglas Wenner

Sobre o Canto Gregoriano, comentava o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Assim é o gregoriano: a música que tem a qualidade incomparável de exprimir a atitude perfeita, o exato grau de luz da alma reta e verdadeiramente inocente quando se coloca diante de Deus. Cântico do murmúrio, música da alma inocente, dessa inocência que, aliada à Graça Divina, construiu as maravilhars de uma civilização “gregorianizada”. Procure ter o seu temperamento no estado de espírito do canto gregoriano e terá encontrado uma via certa para a santificação!” 

  •  

Quando temos diante de nós um céu bem estrelado, e venturosos admiramos os astros que ali estão a brilhar, é ou não é verdade que, por vezes, somos pervadidos pela seguinte expectativa: “será que verei uma estrela cadente?” E não é para menos, pois tal fenômeno cósmico raramente acontece.

Entretanto, imaginemos que isso se desse – caso possível fosse – ao revés. Ou seja, não presenciássemos o desaparecimento, mas o surgimento de uma estrela! Bem podemos pensar que magnífico seria se, a compassados instantes que olhássemos para a abóbada celeste, deslumbrássemos um novo astro luminoso.

Pois bem, analogamente, a cada momento que tomamos conhecimento de algum episódio relacionado a um santo, nada mais é do que um novo brilho que cintila no “firmamento de nossos corações”, convidando-nos à pratica do bem.

São Gregório – Catedral de Colônia – Alemanha

Destarte, propõe-se contemplar a vida de São Gregório Magno (540), cuja festa hoje celebramos, toda palmilhada de “constelações de virtudes”, capazes de iluminar a todos os que quiserem ser banhados pelos raios de luz tão esplêndida, cujas magnificências serão relatas no presente artigo (ao menos, algumas delas).

Viveu ele no século VI, época permeada de terríveis conturbações, merecedora por suas próprias palavras desta afirmação: “Sou obrigado a… gemer sob as espadas dos bárbaros invasores e temer os lobos que rondam o rebanho sob minha guarda”. Ou ainda:“Estou disposto a morrer antes de ser causa de ruína para a Igreja de Pedro. Acostumei-me a sofrer com paciência; mas, uma vez decidido, lanço-me com ânimo resoluto em direção a todos os perigos”. (1)

Eleito Sumo Pontífice no ano de 590, sendo antes Prefeito de Roma, empregou seus contínuos esforços em busca da propagação da Fé Católica, tendo por leit motif o desenvolvimento do monacato, confiado aos beneditinos, com vistas à formação de monges capazes de cristianizar, futuramente, vastidões inimagináveis!

Sobre o fruto dessa ação evangelizadora, comenta-nos Montalembert que: “Eles os farão instrumentos do bem e da verdade. Ajudados por esses ‘vencedores de Roma’, levarão o império e as leis de uma ‘Nova Roma’ muito além das fronteiras que o Senado fixou ou que os Césares imaginaram”. (2)

Como dado histórico que também nos confirma seu ímpeto no referido engenho, fundou ele mesmo sete mosteiros com a herança que lhe coubera após a morte de seu pai, um poderoso Senador.

Outro fato que marcara a existência deste varão, deu-se ainda antes mesmo de ocupar a Cátedra de Pedro. Grassava em Roma, por consequência dos estragos causados por uma grande enchente do rio Tibre, uma terrível peste. Morriam inúmeras pessoas na Cidade Eterna, destacando-se entre elas até mesmo o Romano Pontífice, Pelágio II, seu predecessor.

rome.ticket

Ordenara então uma grande procissão pelas ruas da cidade; e qual não foi a surpresa dos fiéis quando avistaram, pairando ao alto do mausoléu de Adriano, o Arcanjo São Miguel! O Príncipe das Milícias Celestiais guardava sua espada de fogo, indicando, assim, que terminava o flagelo ocasionado pela peste. A partir disso, a referida fortaleza passou a ser denominada por “Castelo de Sant`Ângelo”. (3)

Por fim, ao menos nesse pequeno relato de sua vida, salta-nos aos olhos um outro marco de seu apostólico desejo de santificação e conversão das almas. Certo dia, estava ele andando pelo mercado marítimo de Roma quando, em determinado momento, avistou ancorado no porto um navio cheio de escravos provenientes das terras do norte, mais propriamente da Britânia.

No local do antigo mosteiro
beneditino erigido por São
Gregório Magno, atualmente
se encontra a Igreja de
San Gregorio al Celio

Perguntando, pois, de onde vinham, obteve como resposta que eram anglos. Como que, numa visão profética, o grande Pontífice retrucou: Non angli, sed angeli sunt!” (não anglos, mas sim anjos!). Assim, após comprar a todos esses escravos, colocou-os sob os cuidados de Santo Agostinho, futuro arcebispo de Cantuária, Inglaterra, para que fossem batizados após lhes ser ensinada a doutrina católica, com vistas à evangelização de sua terra natal e ministrado o Canto Gregoriano (estilo de canto litúrgico que leva o seu nome, cuja inspiração para as composições recebeu do próprio Espírito Santo). De tal modo isso se deu que, segundo nos narram as crônicas, mais de 10 mil neófitos foram batizados no dia de Pentecostes de 597.(4)

Enfim, que belo reflexo aqui se reporta Àquele que, como Pontífice Divino, comprou com os méritos de sua Paixão “um navio abarrotado de escravos do pecado”. Sim, éramos como mercadoria variada não fosse a Redenção. Nosso Senhor Jesus Cristo nos comprou por um preço não pequeno, mas verdadeiramente enorme: o derramamento de todo o seu preciosíssimo Sangue na Cruz! Que a exemplo de São Gregório, Santo Agostinho de Cantuária e de seus “anjos”, saibamos recorrer a Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos e Corredentora da humanidade, para levarmos a cabo a nossa missão!

(1) Liturgia das Horas. Tempo Comum: 18ª – 34ª Semana. v. IV, Editora Vozes – Paulinas – Paulus – Editora Ave Maria, 1999, p. 1246.

(2) Montalembert. Les moines d`Ocident, 1878,  p. 74.

(3) Obras de São Gregório Magno, BAC: Marid.

(4) Ibdem.

Conheça mais sobre a vida dos Santos: clique aqui e acesse a Plataforma Reconquista.

By

A família Arautos acolhe os novos consagrados


“Nossa Senhora é o caminho fácil para ir a Nosso Senhor, porque é o caminho cheio de plenitude da graça e unção do Espírito Santo.” (São Luís Maria Grignion de Montfort)


Envoltos em um ambiente de muita benção e serenidade, no qual uma notável alegria se percebia estampada em todas as faces (mesmo que por detrás das máscaras), aproximadamente 30 pessoas participaram ontem – 22 de agosto – de mais uma solene Missa de Consagração a Jesus Cristo, Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria Santíssima.

Sendo festa de Nossa Senhora Rainha, dia mais propício não poderia haver para a realização de tão importante cerimônia.

Assim, fazendo jus às palavras do Revmo. Pe. Cristian Bitencourt – EP, quem celebrou a Santa Missa, Nossa Senhora continua sua missão no Céu, intercedendo por cada um de seus filhos; e o entregar-se a Ela como escravo de amor não é senão permitir que essa Augusta Soberana reine sempre em nossos corações.

Nossa Senhora Rainha, rogai por nós!

Conheça mais sobre a doutrina da Santa Igreja Católica: clique aqui e acesse os cursos da plataforma Reconquista.

* Seguem abaixo algumas fotografias desta solenidade:

By

Maria vence, Maria reina, Maria impera!

Coroação de Maria – Foto: Francisco Lecaros

 

Mons. João Clá Dias

  • Como será o Reino de Maria?

Seria enganoso pensar que os eleitos, ao partirem para o Céu, dão por encerrada sua missão na terra. Pelo contrário, a verdadeira atuação dos que se salvam inicia-se uma vez transposto o limiar da eternidade. É o que Dr. Plinio Corrêa de Oliveira denominava de post história de uma alma, ainda mais substanciosa e eficaz que sua existência terrena, embora esta possa ter sido retumbante e cheia de brilho.

À vista disso, caberia nos perguntarmos: como se verifica a materna intervenção de Nossa Senhora nos acontecimentos, após sua Assunção à morada celeste?

Para o Autor, a post história da Santíssima Virgem se divide em três grandes fases: o dilúculo, a aurora e o esplendor meridiano. A era do dilúculo transcorreu dos albores da Igreja primitiva até o zênite da Idade Média. A aurora teve início com o eclodir da Revolução, [1] nefasto processo de deterioração da Civilização Cristã que desemboca nos dias atuais, marcados pelo caos, pelo ateísmo e pela extravagância. E o esplendor meridiano começará com o triunfo do Coração Imaculado de Maria, antecedido, como tudo indica, por um castigo de proporções apocalípticas.

Cabe aqui tratar sobre a última dessas etapas, ou seja, a do reinado de Jesus Cristo por meio de sua Mãe.

  • Glorioso porvir, superior a qualquer imaginação

Para o Autor, resulta impossível transmitir o que lhe vai na alma a respeito do porvir glorioso reservado à Santa Igreja durante o Reino da Virgem Celestial. Faltam-lhe palavras para descrevê-la renovada e esfuziante de graça pela ação do Divino Espírito Santo, o qual agirá em favor dela em Maria, com Maria e por Maria.

Um trecho da profecia de Baruc oferece uma pálida ideia sobre as intuições que enchem de entusiasmo seu coração: “Tira, Jerusalém, a veste de luto e de miséria; reveste, para sempre, os adornos da glória divina. Cobre-te com o manto da justiça que vem de Deus, e coloca sobre a cabeça o diadema da glória do Eterno. Deus vai mostrar à terra, e sob todos os céus, teu esplendor. Eis o nome que te é dado por Deus, para todo o sempre: Paz da justiça e Esplendor do temor de Deus!” (5, 1-4).

Contudo, o plano do Altíssimo surpreenderá inclusive os espíritos de maior descortino, pois Ele “pode fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou entendemos” (Ef 3, 20). Qualquer imaginação sobre o triunfo do Coração de Maria e do consequente enaltecimento da Igreja não passa de simples rascunho se comparada às maravilhas que o Senhor dos Exércitos operará a fim de glorificar sua Filha predileta, sua Mãe virginal, sua Esposa imaculada.

  • Anseios que antecipam a intervenção divina

Essa sublime realidade não exclui, entretanto, outra ainda mais bela, apontada por Dr. Plinio: “À medida que os justos vão gerando a ideia de como será o Reino de Maria, ele se aproxima de nós”.[2] É próprio ao profetismo não apenas prever e anunciar, mas de alguma forma antecipar e já antegozar os fatos percebidos à distância.

Elías avista a nuvenzinha – Catedral de Autun (França) – Foto: Sergio Hollmann

Ao receber a notícia de que uma pequena nuvem, com a aparência de um punho, se levantava no horizonte, Elias divisou a chuva torrencial que cairia sobre Israel e faria reverdecer o solo tornado estéril pela implacável seca com que Deus castigara por três anos os pecados do povo. Imediatamente mandou dizer ao Rei Acab que se apressasse em retornar a seu palácio, a fim de que a chuva não o detivesse pelo caminho (cf. I Rs 18, 41-46).

Ora, para além do fenômeno físico, o profeta ígneo discerniu na nuvenzinha uma pré-figura da Virgem que traria à terra outro dilúvio, não de água mas de graça: a própria Fonte Divina da graça, que redimiria o gênero humano tornado estéril pela desobediência de nossos primeiros pais. E narra a Bem-Aventurada Ana Catarina Emmerich[3] que, escolhendo três de seus discípulos, Elias os enviou como mensageiros aos pagãos do norte e do sul, mesmo ao longínquo Egito, para anunciar-lhes que se preparassem, pois estava por chegar uma Virgem da qual nasceria o Salvador dos homens.

Esse episódio mostra que, quando certas almas são levadas pelo sopro da graça a voar no firmamento da futura exaltação de Nossa Senhora, elas devem deixar-se conduzir sem receios. Embora fiquem sempre aquém da realidade, seu anseio enlevado de ver vingada a honra da Mãe de Deus apressa a manifestação da justiça e da misericórdia divinas.

Em consequência, o Autor deseja tecer algumas considerações a respeito do porvir, baseadas nos proféticos comentários de seu mestre espiritual, Plinio Corrêa de Oliveira, para, assim, incentivar as inspirações da graça que falam no interior das almas no sentido de esperar com confiança a intervenção divina nos acontecimentos, determinando o fim do domínio revolucionário e a instauração do reinado de Jesus por Maria.

  • “As almas respirarão Maria”

Na expectativa profética de Dr. Plinio, a era marial será uma época de transmissão de dádivas celestiais inéditas: “Eu espero que Nossa Senhora nos dê dons inimagináveis, superacrescidos, tão mais belos e tão mais admiráveis que os já conhecidos, que nós nem saibamos o que dizer”.[4] Ora, para se verificar tal comunicação de graças e desígnios, a humanidade deve seguir a mesma via trilhada por Maria Santíssima: a da Sagrada Escravidão.

No Reino da Virgem os homens participarão num grau altíssimo do amor que une o Divino Espírito Santo a Nossa Senhora. Segundo a expressão de São Luís Grignion de Montfort, “as almas respirarão Maria”,[5] ou seja, sentir-se-ão alvo do incomensurável e gratuito amor d’Ela e, em decorrência, A amarão com confiança, arrebatamento e carinho. Desse afeto inefável nascerá um discernimento dos espíritos mútuo, mediante o qual contemplarão umas nas outras o aspecto específico da Mãe de Deus que estão chamadas a refletir.

No entanto, isso só se realizará através de um vínculo de escravidão espiritual estreitíssimo com a Soberana do Universo, todo feito de enlevo, veneração e ternura, bem como de disposição radical para o serviço, a obediência e o holocausto. Desse modo, toda a sociedade será elevada a um novo patamar de vida sobrenatural, cumprindo em plenitude as palavras de São Paulo: “Aquele que está em Cristo é uma nova criatura” (II Cor 5, 17). No conjunto da Opinião Pública refulgirá a imagem e semelhança de Jesus, pela Mediação Universal de Maria.

Mons. João venera a imagem de Maria Auxiliadora da Casa Thabor, em junho de 2015 – Foto: Stephen Nami

  • Reino da clemência, da piedade e da doçura

Em função dessa perspectiva, como definir o Reino de Maria?

Será o reinado da clemência, da piedade e da doçura de Nossa Senhora, a era histórica na qual o espírito d’Ela estará presente em cada criatura e seu amor cobrirá, como uma névoa alva e discreta, toda a terra. Assim como nos dias atuais se inala em qualquer parte o hálito pestilento e imundo da Revolução, caracterizado pela revolta, pelo igualitarismo e pela sensualidade desbragada, durante o Reino de Maria se respirará o suave perfume da presença e das virtudes da Rainha Celestial, quer nas almas e nos ambientes, quer nos costumes e até nas civilizações.

O grande profeta e apóstolo de Maria, São Luís Grignion de Montfort,[6] explica que Nossa Senhora engendrará nas almas dos paladinos de seu reinado uma santidade tão superior, por se tratar de uma participação em suas próprias virtudes, que eles terão, na ordem da graça, a proporção dos cedros-do-líbano em relação aos arbustos se comparados aos Santos das épocas anteriores.

A esses eleitos Ela Se mostrará e Se entregará por inteiro, como jamais o fez. Haverá um momento em que cada um dos filhos e escravos d’Ela A verá como que transfigurada diante de si e experimentará as torrentes de amor e de misericórdia que emanam de seu Coração. Tudo ficará limpo, perdoado e restaurado. O Reino de Maria, realização máxima do Reino de Cristo, estará fundado nas almas.

  • Desvendar-se-á o Segredo de Maria

Tal auge de vitalidade sobrenatural fará da Igreja e da sociedade uma imagem do Corpo Glorioso de Cristo. Substancialmente será sempre o mesmo e único Corpo Místico, mas ele estará ornado de qualidades novas, as quais lhe conferirão uma luz intensíssima. De sua parte, os homens continuarão sujeitos às más tendências instiladas pelo pecado original; todavia, é de se esperar que, na maioria dos casos, estas permanecerão submissas à razão iluminada pela fé, como resultado de uma moção extraordinária da graça concedida pela misericórdia divina.

Para lograr esse grau de santificação e renovação de sua Esposa Mística, Nosso Senhor realizará em favor da humanidade algo análogo ao sucedido com os discípulos nos dias posteriores à Páscoa da Ressurreição: lhes abrirá o espírito, para que entendam as Escrituras (cf. Lc 24, 45). Desvendar-se-á então o Segredo de Maria,[7] que consiste numa verdade conhecida, mas não inteiramente compreendida e amada. Nesse sentido, Dr. Plinio afirma:

“Eu tenho a impressão, não posso ter a certeza, de que o Segredo de Maria será uma luz nova sobre uma verdade já manifestada, mas cuja interpretação saltará aos olhos particularmente nessa época da História. Tal verdade, contida na Revelação oficial, diria respeito à própria essência de Deus e, a partir dela, às relações de Deus com Nossa Senhora, com a Igreja e com todas as almas. Em consequência, o relacionamento dos homens com o Universo – no âmbito cultural, político, social e econômico – seria condicionado a fundo por esse dado novo, sobre o qual se incidiria uma luz especial”.[8]

O Segredo de Maria não se limitará, porém, à simples assimilação de uma verdade, embora ela seja necessária uma vez que não se ama aquilo que não se conhece. A clara noção a respeito de Nossa Senhora produzirá nos corações um efeito semelhante ao experimentado pelos discípulos de Emaús ao ouvirem os ensinamentos do Divino Mestre: “Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32).

Quadro do Imaculado Coração de Maria pertencente a Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – Foto: Divulgação

Por uma ação da graça, essa cognição virá acompanhada de um acréscimo de amor, devoção e piedade para com Ela, que redundará, conforme indica Dr. Plinio, em “uma certa união de cogitações e de vias com Maria e, por Ela, com Jesus, que nós não entendemos agora como poderá ser. Trata-se de algo sublime e misterioso”.[9]

  • Dessas graças surgirá uma nova civilização

A plena revelação desse Segredo descerrará as mentes e os corações para dois aspectos específicos de Nossa Senhora. De um lado, se verificará um enorme aprofundamento na compreensão das relações d’Ela com as Três Pessoas Divinas, como mencionado acima. À luz desse convívio, o imbricamento entre as almas adquirirá tal teor que, como explica Dr. Plinio, “se estabeleceria uma espécie de paz e de tranquilidade entre os homens, dando lugar a uma nova civilização”.[10] E, de modo especial, “se inauguraria um relacionamento com os Corações de Jesus e de Maria, marcado por uma nota de intimidade que antes não havia”.[11]

Por outro lado, em virtude de um desenvolvimento teológico favorecido por graças insignes e, quiçá, por dons místicos, ficará patente a Mediação Universal de Nossa Senhora e seu papel na salvação dos homens, pondo em relevo a superexcelência da santidade d’Ela. Como corolário, far-se-á luz sobre o enigmático processo revolucionário e os falsos profetas que o sustentam, os quais envolveram em trevas a própria Igreja.

Ressalta ainda Dr. Plinio que “essa nova compreensão abriria para os homens uma tal amplitude de graças, daria um caráter tão filial e, ao mesmo tempo, tão humilde ao vínculo com Ela, que elevaria o nível da piedade dos fiéis e, a fortiori, do clero a uma altura só vagamente pressentida pelos séculos anteriores. Assim, chegado o momento da revelação do Segredo de Maria, nossas esperanças de santidade se multiplicarão por um milhão!”[12]

Nossa Senhora do Bom Sucesso – Arautos do Evangelho

Em decorrência, o bem será exaltado como nunca, e o mal execrado até as últimas consequências. À medida que essa era abençoada progrida e se acerque de seu apogeu, estarão assentadas as bases para que a honra devida ao Criador seja dada por completo e, assim, se ponha um glorioso termo à História. ◊

Notas

[1] Pode causar perplexidade o fato de se qualificar de aurora um período que se distingue pela sistemática demolição dos valores cristãos e pela decadência da própria Igreja, ferida pelos pecados de seus filhos. Entretanto, em meio às batalhas da Esposa do Cordeiro contra a Revolução gnóstica e igualitária, despontaram varões e damas cuja virtude continha uma força e um esplendor característicos e prenunciativos de uma fase histórica de requintada santidade. São Luís Maria Grignion de Montfort, por exemplo, é um Santo que transcende em muito sua época, plenamente digno da era marial por ele mesmo anunciada.

[2] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 19 dez. 1981.

[3] Cf. BEATA ANA CATARINA EMMERICH. Visiones y revelaciones completas. Madrid: Ciudadela Libros, 2012, v.II, p.316.

[4] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conversa. São Paulo, 6 jan. 1981.

[5] SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Traité de la vraie dévotion à la Sainte Vierge, n.217.

[6] Cf. Idem, n.47.

[7] Em seus escritos, o São Luís Grignion se refere à escravidão de amor a Maria por ele preconizada como um segredo revelado pelo Altíssimo de uma via segura para a santidade. Mais do que em práticas piedosas, esse segredo consiste em fazer todas as coisas com Maria, em Maria, por Maria e para Maria (cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Le secret de Marie, n.1; 28).

[8] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 28 jul. 1980.

[9] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Palestra. São Paulo, 30 ago. 1986.

[10] Idem, ibidem.

[11] Idem, ibidem.

[12] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conversa. São Paulo, 28 abr. 1987

 

Mons. João S. Clá Dias, EP; Revista Arautos do Evangelho, Ano XIX, nº 224,  Agosto de 2020)

Clique aqui e conheça o curso de Catequese para Adultos ministrado pelo Mons. João Clá Dias na plataforma Reconquista.

 

By

A Igreja celebra hoje São Bernardo de Claraval, profundo devoto de Maria!

O grande São Bernardo, da família cisterciense, nasceu no Castelo de Fontaine em 1090, perto da cidade de Dijon, na França. De nobre origem, seguiu a carreira religiosa. Apesar de monge contemplativo, foi abade, eminente pregador, fundador de vários mosteiros, prior, teólogo, místico e conselheiro de importantes autoridades eclesiásticas e civis, fogoso polemista e pacificador.

Como escritor, notabilizou-se pela autoria de livros que se tornaram populares em toda a Cristandade, como o Tratado do Amor de Deus e o Comentário ao Cântico dos Cânticos. Além de inúmeras obras, escreveu também milhares de cartas e mais de 300 sermões (e vários desses, em louvor à Virgem Maria).

Porém, baseando-nos em uma de suas mais belas frases, podemos concluir que a fonte de tantos dons, virtudes e qualidades seja a graça, através de Maria Santíssima, de quem era profundo devoto:

“Busquemos a graça, mas busquemos por intermédio de Maria! Por Ela, acha-se o que se busca e não se pode ser desatendido.”

São Bernardo de Claraval faleceu em 20 de agosto de 1153, sendo canonizado em 1174. Para honra e glória do orbe católico, foi declarado doutor da Igreja em 1830.

*Texto originalmente publicado em Apostolado do Oratório, a 20 de agosto de 2013.

Conheça a vida dos Santos, clique aqui e acesse a plataforma Reconquista.

 

By

São Domingos de Gusmão e a origem do Santo Rosário

 

Acervo Revista Arautos do Evangelho

São Domingos de Gusmão, cuja festa hoje celebramos, foi o varão escolhido por Deus para a insigne graça de receber o Santo Rosário das mãos da Virgem Santíssima.

O fato se deu em 1214, na França, na cidade de Toulouse, quando o santo orava e fazia penitência pelos pecados dos homens, obstáculo para a conversão dos albigenses. Domingos passou três dias e três noites rezando e macerando o seu corpo com o objetivo de aplacar a cólera divina. Quando parecia morto pelas disciplinas, Nossa Senhora lhe apareceu acompanhada de três princesas celestes. Com sua voz materna, disse-lhe:

– “Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?”

– Ó Senhora, respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.

Acervo Revista Arautos do Evangelho

Disse-lhe Maria Santíssima:

– “Sabei que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério”.

Após a aparição, São Domingos entrou na Catedral de Toulouse, enquanto os sinos tocavam sem intervenção humana, para reunir os fiéis.

Quando o santo começou a pregar, uma espantosa tormenta desatou, houve tremor de terra, o sol se velou, ouviam-se terríveis trovões e relâmpagos. Uma imagem da Virgem levantou três vezes os braços para pedir a Deus justiça para aqueles que não se arrependessem e recorressem à Sua proteção.

São Domingos orou e, por fim, cessou a tormenta. Pôde ele, então, continuar sua pregação, e com tal zelo e fogo, que os habitantes da cidade abraçaram quase todos a devoção ao Santo Rosário. Em pouco tempo, viu-se uma substancial mudança na vida das pessoas.

São Domingos de Gusmão fez desta fundamental prática de devoção mariana um eficaz instrumento para suas próprias necessidades, e usou-a com enorme fruto enquanto método de pregação.

Os benefícios do Rosário de tal forma enriqueceram a vida da Igreja, que Papas, Santos e Doutores incentivaram a sua prática com especial empenho. Abaixo transcrevemos alguns comentários:

Acervo Revista Arautos do Evangelho

– São Pio X, Papa:

“O Rosário é a mais bela de todas as orações, a mais rica em graças e a que mais agrada a Santíssima Virgem”.

– Santa Rosa de Lima:

“O Rosário contém todo o mérito da oração vocal e toda a virtude da oração mental”.

– Santa Teresa de Jesus, Doutora da Igreja:

“No Rosário encontrei os atrativos mais doces, mais suaves, mais eficazes e mais poderosos para me unir a Deus”.

– Santo Afonso de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja, Fundador dos Redentoristas:

“O Rosário é a homenagem mais agradável à Mãe de Deus”.

“Temeria a minha própria salvação se ficasse um só dia sem recitar o Santo Rosário”.

– São Pio V, Papa:

Terciários dos Arautos, rezando o Santo Rosário

“O Rosário incendiou os fiéis de amor, e deu-lhes nova vida”.

– Santo Antônio Maria Claret, Fundador dos Claretianos:

“Felizes as pessoas que rezam bem o santo Rosário, porque Maria lhes obterá graças na vida, graças na hora da morte e glória no Céu. Nunca será considerado um bom cristão, quem não reza o  Rosário”.

– São Francisco de Sales, Bispo e Doutor da Igreja:

“O Rosário é a melhor devoção do povo cristão”.

– São Carlos Borromeu:

“O Rosário é a mais divina das devoções”.

 

*Texto extraído de Apostolado do Oratório – Arautos do Evangelho, publicado originalmente a 7 de outubro de 2013, com pequenas adaptações.

Conheça a vida dos Santos, clique aqui e acesse a plataforma Reconquista.

 

By

De onde vem nossa força?

Santo Inácio de Loyola

Um fato ocorrido no fim da vida de Santo Inácio, grande devoto de Nossa Senhora, nos faz ver duas coisas fundamentais para sermos verdadeiros filhos de tão santa Mãe. Para quem deseja ser filho predileto de Maria, consagrando-se com escravo de amor conforme ensina São Luís Grignion, o fato tem suma importância. Read More